Javier Milei não completou dois meses no comando da Argentina e já enfrentou a primeira paralisação geral de seu governo e agora encara mais um desafio: a renúncia de um de seus escolhidos como ministro.
Em comunicado oficial, o governo diz que o ministro de Infraestrutura da Argentina, Guillermo Ferraro, "apresentará sua renúncia nos próximos dias", por "razões pessoais".
Segundo a nota, com a saída de Ferraro, o governo de Milei poderá avançar no plano original de fundir a pasta da Infraestrutura à de Economia, liderada por Luis Caputo.
O comunicado indica ainda que a incorporação dará mais coerência à política econômica e permitirá adequar o orçamento "ao atual contexto de crise".
A nota também diz que a fusão das pastas permitirá que o governo retome o plano de haver apenas oito ministérios na Argentina, como Milei defendia na campanha eleitoral.
O papo de corredor na Argentina
A conversa nos corredores sobre a saída do ministro, no entanto, é outra. A imprensa argentina diz que foi o próprio Milei que decidiu pela saída de Ferraro.
O presidente da Argentina teria considerado o ministro culpado por vazar informações à imprensa, em uma reunião dura com governadores.
Na ocasião, Milei ameaçou não repassar verba a menos que seus projetos no Congresso fossem aprovados.
O Clarín informa ainda que a decisão de cortar o ministro já havia sido tomada por Milei há dois dias.
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Negociações duras com o Congresso da Argentina
O governo de Milei está em meio a duras negociações com o Congresso para aprovar uma série de medidas lançadas pelo presidente após assumir, em dezembro.
Na sexta-feira (26), o ministro da Economia anunciou a retirada do capítulo fiscal do pacote conhecido como "Lei Ônibus", para tentar acelerar sua aprovação.
“Não queremos que, por causa de um capítulo fiscal, todo o projeto que consideramos urgente seja atrasado”, disse Caputo em entrevista coletiva.
Na ocasião, Caputo destacou que, embora tenha deixado de lado o objetivo econômico para aprovar um longo processo de desregulamentação, o objetivo de atingir o equilíbrio fiscal no menor tempo possível ainda é uma das prioridades do governo de Milei.