O alerta veio de um ex-chefe da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan): os EUA e a Europa precisam estar preparados para enfrentar o “quarteto mortal”. Foi assim que George Robertson se referiu à Rússia, China, Irã e Coreia do Norte.
“Somos confrontados com um quarteto mortal de nações que trabalham cada vez mais juntas”, disse ele à Sky News.
O uso da palavra “mortal” em alusão à China segue um endurecimento da retórica contra uma aliada da Rússia durante a cúpula da Otan na semana passada, quando o status de Pequim como adversário foi reconhecido mais publicamente do que nunca.
Na declaração daquele encontro, a China foi descrita como um “facilitador decisivo” da guerra da Rússia contra a Ucrânia e como um país que apresenta “desafios sistêmicos à segurança euro-atlântica”, com a Aliança citando “atividades cibernéticas e híbridas maliciosas sustentadas” e preocupações sobre a diversificação do arsenal nuclear e das capacidades espaciais de Pequim.
As outras alianças da Rússia
Coreia do Norte e Irã também foram acusados pela Otan de “alimentar a guerra de agressão da Rússia” contra a Ucrânia, fornecendo apoio militar direto à Rússia, como munições e veículos aéreos não tripulados, o que, segundo a Aliança, “tem um impacto sério na segurança euro-atlântica” e mina o regime global de não proliferação.”
A Rússia e a Coreia do Norte negam que tenham ocorrido transferências de armas. O Irã disse anteriormente que fornecia drones à Rússia, mas alegou que o envio aconteceu antes do início da guerra.
A China foi ameaçada com sanções depois de ser acusada de mandar materiais de “dupla utilização”, incluindo componentes e equipamentos de armas, para o setor de defesa da Rússia utilizar na sua própria produção de armas.
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Como o EUA vão enfrentar o “quarteto mortal”
Resta saber como os EUA e aliados poderão enfrentar o “quarteto mortal”. A Rússia, a Coreia do Norte e o Irã já estão sob sanções internacionais substanciais e, segundo especialistas, essas restrições ao comércio e a setores-chave provavelmente os aproximaram.
Agrupar a China com os chamados “Estados pária” foi um passo significativo para a Otan, observou um especialista em segurança, mas ainda não deu qualquer clareza sobre como os aliados ocidentais poderiam confrontar um eixo de poder adversário.
Holger Schmieding, economista-chefe do Berenberg Bank, disse que a superioridade econômica do Ocidente poderia ajudar, enquanto os adversários estão exercendo uma forte pressão sobre as próprias economias e recursos — seja através da guerra, no caso da Rússia, ou apoiando conflitos em lugares.
“A participação da China no PIB [Produto Interno Bruto] global parece estar perto do pico, a Rússia terá dificuldades para travar a dispendiosa guerra durante mais alguns anos e o Irã está a se transformando cada vez mais naquilo que a Coreia do Norte já é: um caso econômico perdido com recursos muito limitados”, disse.
*Com informações da CNBC