Para o Goldman Sachs, a forte queda das bolsas americanas no começo de agosto foi um alerta. Agora, em um cenário bem mais favorável com a provável queda dos juros e os dados econômicos positivos, a preocupação é outra: a confiança do mercado voltou rápido demais.
No começo do mês, o mercado estava preocupado com uma possível recessão na economia americana e com a desmontagem das operações de carrego ligadas ao iene japonês.
- Vale lembrar que carry trades são investimentos que buscam lucrar com o diferencial entre as taxas de juros de diferentes países. Ao fazer isso, o investidor pega dinheiro emprestado em um país com juros baixos (o Japão, no caso) e investe em outro país com juros mais altos (os EUA).
No dia 5 de agosto, o Dow Jones chegou a cair 1.200 pontos na mínima do dia e encerrou o pregão com queda de 2,7%. O Nasdaq Composto perdeu 3,7% e o S&P 500 recuou 3,2%. Tanto o Dow como o S&P 500 tiveram as maiores perdas desde setembro de 2022.
- Bolsa ainda mais barata? Analista acredita numa alta de 20% nas ações e aponta as 10 melhores para comprar agora
Antes dessas quedas, o sentimento geral era de otimismo, com uma pegada bullish por parte do mercado, explica o diretor de alocação do Goldman Sachs, Christian Mueller-Glissmann.
"Nós estávamos realmente preocupados com uma pequena correção, porque ao mesmo tempo, embora você tivesse um posicionamento otimista, o momento macro estava um pouco mais fraco. Houve surpresas macro negativas nos EUA por cerca de um mês e meio antes disso e começamos a ver também surpresas negativas no macro da Europa e da China", acrescentou ele.
No entanto, o cenário mudou drasticamente, devido à expectativa de corte de juros nos EUA em breve, após discurso de Jerome Powell em Jackson Hole, e aos indicadores positivos da economia americana. Desde o fatídico 5 de agosto, o S&P 500 subiu 8% e o Dow Jones, 6%.
E foi aí que entrou uma nova preocupação, de acordo com o banco americano.
"O que é preocupante agora é como o mercado voltou rapidamente para onde estávamos antes, e podemos discutir isso, mas certamente isso mostra que infelizmente estamos quase de volta à mesma situação que tínhamos há um mês”, disse Mueller-Glissmann.
O diretor do banco explica que a diferença agora, com a retomada do S&P 500 para os níveis anteriores, é que o mercado não está com o mesmo posicionamento bullish.
Por ora, a expectativa está na divulgação de dados importantes de inflação nos Estados Unidos. O Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE), indicador de preferência do FED para medir a inflação, será divulgado na sexta-feira (30).
- Leia mais: 3 ações recomendadas pela Empiricus bateram recorde em agosto e podem mais com salto do Ibovespa
Como adaptar a carteira diante desse contexto, segundo o Goldman Sachs
Mueller-Glismann afirma que portfólios mais equilibrados, com 60% em ações e 40% em bonds, tiveram uma performance fenomenal em um mês agitado para os mercados.
Mas alertou que o “amortecimento” provido pelo mercado de títulos, que acabou “salvando” as carteiras de performances ruins, pode não ser tão confiável no curto prazo. “Considerando que você não terá tanto amortecimento dos bonds, taticamente, é melhor ser mais cuidadoso quanto à parcela de risco da sua carteira, especialmente depois desse período”, comenta.