Se a economia da China encontrava-se respirando por aparelhos, o gigante asiático já colocou o jaleco e preparou uma nova injeção para socorrer os mercados locais.
Pequim surpreendeu o mercado e anunciou nesta quarta-feira (24) uma diminuição na quantidade de dinheiro que os bancos devem manter em reserva, a fim de aumentar os empréstimos disponíveis para famílias e empresas,
Com isso, os requisitos de reservas compulsórias para os bancos chineses serão reduzidos em 0,5% a partir de 5 de fevereiro — no corte mais intenso na taxa desde dezembro de 2021.
Segundo o segundo o presidente do Banco Popular da China (PBoC, o banco central chinês), Pan Gongsheng, essa medida fornecerá 1 trilhão de yuans — equivalente a aproximadamente US$ 139 bilhões — em capital de longo prazo.
Esse montante deverá ser liberado na forma de novos empréstimos pelas instituições financeiras asiáticas, o que deve estimular os gastos na economia em geral.
Vale destacar que os economistas esperavam um corte nas taxas apenas no fim deste ano.
A decisão da China sobre os bancos
O PBoC afirmou que o corte da taxa de compulsório bancário faz parte da sua estratégia de implementação de “políticas monetárias prudentes” e que atualmente existe um espaço para maior flexibilização.
O BC chinês também decidiu cortar suas taxas de reempréstimo e de redesconto em 0,25 pontos percentuais. A medida entrará em vigor nesta quinta-feira (25).
O presidente do Banco Popular da China também disse que o banco central deve anunciar políticas para melhorar os empréstimos imobiliários para incorporadoras de alta qualidade.
O anúncio de Pan Gongsheng animou o humor dos investidores. Afinal, a riqueza das famílias e a procura dos consumidores na China são em grande parte sustentadas pelo setor imobiliário, que representa entre um quarto e um terço de toda a economia chinesa.
Vale lembrar que o mercado imobiliário chinês desabou depois que decisões de Pequim para reprimir a alta dependência dos incorporadores da dívida em 2020 desencadearam um turbilhão regulatório que paralisou muitos grandes promotores, como Evergrande.
Isso intensificou os riscos financeiros e abalou a confiança dos consumidores.
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O estímulo da China aos mercados de ações
A “injeção” da China para as reservas para bancos ainda aconteceu em meio às tentativas das autoridades chinesas para estabelecer um piso para a queda dos mercados de ações, que provocou um início instável da economia de Pequim em 2024.
Após o anúncio do Banco Popular da China (PBOC), porém, o índice acionário Hang Seng atingiu o maior desempenho em meses, encerrando o pregão de quarta-feira (24) em alta de 3,6%.
Além da decisão envolvendo as reservas mínimas dos bancos, a China supostamente também planeja injetar mais 2 bilhões de yuans (U$ 300 bilhões) em um pacote de estímulo mais abrangente.
Na última segunda-feira (22), Pequim prometeu “ fortalecer a estabilidade inerente do mercado” em meio à derrocada dos mercados de ações do país.
Segundo reportagem da Bloomberg, o gigante asiático está se preparando para comprar ações no mercado local por meio das suas estatais, em uma espécie de pacote de resgate apoiado em recursos que as empresas listadas mantêm em contas offshore.
A expectativa das autoridades chinesas seria levantar dinheiro suficiente para ajudar a estabilizar o mercado por meio da compra de ações na bolsa de Hong Kong.
Entretanto, há quem acredite que o governo chinês já sinaliza manter uma abordagem relativamente cautelosa, em vez de injetar o estímulo maciço que os economistas dizem ser necessário para salvar a economia do gigante asiático.
*Com informações de Reuters, CNBC e The Guardian.