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Juros nos EUA não caíram, mas decisão do Fed traz uma mudança importante para o mercado

Presidente do Fed, Jerome Powell, caminha sobre corda bamba com tubarões na água

Montagem com o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell

Sabe aquele velho ditado que diz que mar calmo nunca fez bom marinheiro? Pois no que depender do Federal Reserve (Fed), as águas agitadas ainda farão parte do dia a dia dos investidores. Nesta quarta-feira (1), o banco central dos EUA manteve a taxa de juros inalterada na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano. 

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A decisão já era esperada, mas, assim com a aparente calma de um oceano, fora da superfície, o momento é de cautela na política monetária norte-americana. Isso porque dados recentes de inflação vem mostrando uma aceleração dos preços, mantendo a taxa fora da meta de 2% ao ano.

Em março, o índice de preços para gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) — a medida preferida do Fed para a inflação — subiu 0,3% ante fevereiro e 2,7% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O núcleo do PCE, que exclui alimentos e energia, avançou 0,3% em base mensal, com isso, o núcleo em 12 meses chegou a 2,8% — o mesmo patamar observado em fevereiro.

Acontece que a inflação no primeiro trimestre nos EUA, medida pelo PCE, acelerou à taxa anualizada de 3,4% — ganhando tração depois de avançar 1,8% no quarto trimestre do ano passado. O núcleo do PCE aumentou 3,7% entre janeiro e março, acelerando também na comparação com a alta de 2% do trimestre anterior.

E o presidente do Fed, Jerome Powell, já indicou diversas vezes que o banco central norte-americano precisa ter confiança na sustentabilidade dos dados para iniciar o processo de corte de juros nos EUA. 

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No balanço das ondas do Fed

Pois se é em meio às ondas gigantes que se aprende a navegar, o mercado mostrou que é um bom marujo. 

A bolsa brasileira esta fechada devido ao feriado de 1º de maio, mas Wall Street opera à todo vapor. Por lá, os principais índices de ações norte-americano reduziram as perdas como reação inicial, com o Nasdaq chegando a operar no positivo.

A reação segue um comunicado já esperando em certa medida. O documento diz que a inflação permanece elevada e que, nos últimos meses, não houve progressos adicionais na direção da meta de 2% ao ano do Fomc, como é conhecido do comitê de política monetária da Fed.

"O Comitê não espera que seja apropriado reduzir o intervalo dos juros até que tenha ganhado maior confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável para 2%", diz o comunicado.

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BC DOS EUA NÃO DEVE BAIXAR JUROS tão cedo e quem SOFRE é a BOLSA BRASILEIRA

Sem surpresa nos juros, mas com mudança nos títulos

Assim como o mar guarda surpresas, a decisão de hoje do Fed trouxe mudanças: a das compras de títulos pelo banco central norte-americano.

O comunicado com a decisão de manter os juros inalterados indicou que, a partir do mês que vem, a autoridade monetária vai reduzir as compras de Treasurys para US$ 25 bilhões mensais.

"A partir de junho, o Comitê irá abrandar o ritmo de declínio das suas participações em títulos, reduzindo o limite máximo de resgate mensal de títulos do Tesouro de US$ 60 bilhões para US$ 25 bilhões", diz o comunicado.

De acordo com a nota, o Fomc vai manter o limite de resgate mensal dos títulos lastreados em hipotecas, os chamados MBs, em US$ 35 bilhões e reinvestirá quaisquer pagamentos de capital que excedam esse limite em títulos do Tesouro.

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Powell, o capitão do barco dos juros nos EUA

Quem conduz o barco dos juros nos EUA é Powell e, como de costume, o presidente do Fed falou depois da decisão de manter a taxa referencial inalterada por lá. 

O chefe do BC norte-americano fez questão de ressaltar que a travessia para os mares de juros menores será feita em algum momento, mas não agora. "Até o momento, os dados não nos deram a confiança necessária para afrouxar a política monetária. Devemos manter a política monetária atual por quanto tempo for necessário", disse.

Powell abriu o discurso falando que a inflação desacelerou de maneira significativa nos EUA no último ano, mas ainda está muito elevada e em um caminho que não dá confiança ao Fed de que pode se sustentar no longo prazo. 

“A inflação mostra falta de progresso em direção à meta nos últimos meses”, disse ele, acrescentando que os membros do Fomc estão muito atentos aos riscos da inflação nos EUA.

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Sobre a decisão de reduzir o ritmo de compras de títulos do Tesouro a partir de junho, Powell disse que permitirá uma transição mais suave da política em vigor até em então, impedindo estresses no mercado monetário.

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