O que poderia ser só um anúncio de vagas para trabalhar na campanha de Kamala Harris durante a eleição presidencial se tornou um incidente diplomático para as relações entre os governos do Reino Unido e dos Estados Unidos.
Vamos pro começo dessa história: na semana passada, Sofia Patel, diretora de operações do Partido Trabalhista britânico, fez um post no Linkedin dizendo que estava trabalhando com 100 membros e ex-membros do partido na campanha presidencial de Harris.
Mais do que isso, a diretora do partido que assumiu o governo do Reino Unido neste ano ofereceu 10 “vagas”, com hospedagem inclusa, para quem quisesse embarcar junto à ela rumo à Carolina do Norte para fazer parte das comitivas.
O que seria apenas uma postagem típica na rede social profissional rendeu uma ação judicial registrada pela campanha de Donald Trump na Comissão Eleitoral Federal (FEC, na sigla em inglês) nos Estados Unidos.
O incidente ocorre em um contexto em que o Partido Trabalhista – tradicionalmente alinhado à centro-esquerda e, portanto, aos Democratas – tenta estreitar laços com o candidato Republicano.
Figuras do Partido Trabalhista acreditam que esse imbróglio judicial pode ser só mais “politicagem” da campanha de Trump, que tenta afetar a campanha de Harris na reta final, e que não vai impedir a aproximação política entre os dois envolvidos.
A presença de importantes figuras políticas britânicas nas campanhas presidenciais dos Estados Unidos não é exatamente uma novidade.
São numerosos os exemplos: Nigel Farage, líder do partido Reform UK, compareceu à convenção republicana este ano, assim como a ex-primeira-ministra Liz Truss. Sir Robert Buckland, ex-membro do Parlamento, está nos EUA fazendo campanha para Kamala Harris.
O que foi diferente no caso de Sofia Patel, então?
As regras da Comissão Eleitoral Federal dos Estados Unidos indicam que voluntários estrangeiros podem, sim, trabalhar em campanhas eleitorais no país. Contanto que eles sejam apenas voluntários mesmo, sem qualquer tipo de remuneração sobre o trabalho.
O problema no post do Linkedin de Patel foi dizer que “resolveria as questões de hospedagem” de quem se candidatasse para ir à Carolina do Norte.
O conteúdo do post de Patel abre margem para o entendimento de que o Partido Trabalhista estaria ajudando os Democratas de forma institucionalizada, inclusive pagando custos de viagem. Daí poderia se antever uma crise diplomática de grandes proporções.
O Partido Trabalhista alega que se trata de uma “linguagem imprecisa” e que os membros que estão em campanha por Harris são, de fato, voluntários. A instituição nega que tenha feito qualquer tipo de pagamento e que esteja ajudando a campanha de Kamala Harris.
Sofia Patel estaria usando o próprio tempo livre para se dedicar a este projeto. “É de livre escolha dos cidadãos como usam seu tempo e seu dinheiro”, afirmou o secretário do Meio Ambiente e membro do Partido Trabalhista, Steve Reed.
*Com informações da BBC.