Durante pouco mais de 20 anos, nenhum país foi capaz de superar a China nas exportações para os Estados Unidos. Mas essa situação acaba de mudar.
Ao divulgar os detalhes do saldo comercial norte-americano em 2023, o Departamento de Comércio dos EUA revelou que o México desbancou a China nesse quesito.
As exportações mexicanas para o país vizinho cresceram 5% na comparação com 2022, alcançando US$ 475 milhões.
Já as exportações chinesas para os EUA recuaram 20% no mesmo intervalo, caindo para US$ 427 milhões.
O México não superava a China em termos de exportações para os Estados Unidos desde 2002.
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As tensões entre Estados Unidos e China
Esse novo cenário é atribuído principalmente ao acirramento das tensões entre Washington e Pequim nos campos militar, tecnológico e comercial.
O pano de fundo, no entanto, é o esgotamento do ciclo da globalização econômica.
Fenômeno que chegou a ser considerado irreversível por seus entusiastas, a globalização entrou em acelerado processo de reversão a partir da pandemia de covid-19.
Se até então a China era celebrada como a “fábrica do mundo”, a disrupção das cadeias de suprimento forçou mais e mais países a tomarem medidas capazes de mitigar os riscos de desabastecimento.
No geral, o fenômeno vem sendo chamado de desglobalização.
Já as nuances dessa desglobalização ganham eufemismos de acordo com a conveniência dos envolvidos.
No caso das exportações aos Estados Unidos, o México se beneficia do que os norte-americanos chamam de nearshoring e friendshoring.
Em português, significa que os EUA preferem importar de fornecedores estabelecidos em países mais próximos geograficamente (nearshoring) e amigos (friendshoring).
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Desacoplagem preocupa a China
Já os chineses mostram-se preocupados com o que os especialistas têm chamado de desacoplagem (decoupling, em inglês).
Essa desacoplagem não começou com a pandemia. Ela vem desde a guerra comercial declarada durante o mandato presidencial de Donald Trump (2017-2020) contra a China e ganha força ano após ano.
Trata-se de um afastamento econômico gradual e deliberado por parte dos Estados Unidos. Os norte-americanos alegam que se trata de uma maneira de mitigar risco econômicos. Os chineses enxergam a desacoplagem como uma tentativa de frear sua ascensão econômica.
Seja com a reeleição de Joe Biden ou com o retorno de Donald Trump à Casa Branca, parece improvável que esse cenário seja revertido num curto prazo.