O Federal Reserve (Fed) e o Gabinete Controlador da Moeda dos EUA anunciaram que o Citigroup aceitou pagar uma multa de US$ 135,6 milhões por violar os termos de um acordo de 2020 na área de compliance com o objetivo de corrigir seus sistemas de gestão de riscos e gestão de dados.
"O Citigroup fez progressos insuficientes na remediação dos seus problemas com a gestão da qualidade dos dados e não conseguiu implementar controles compensatórios para gerir seu risco", afirmou o Fed, o banco central dos EUA.
Essa multa soma-se aos US$ 400 milhões em infrações anteriores que o banco americano recebeu por não resolver pendências de 2020. A nova multa é o mais recente problema para o banco e para sua presidente-executiva, Jane Fraser, cujo mandato tem sido marcado por problemas regulatórios.
Michael Hsu, controlador-interino da Moeda, disse em uma declaração na quarta-feira (10) que o Citi tinha “deficiências de longa data” que não tinham sido totalmente sanadas pelo banco e sua administração.
Ele acrescentou que o Citi precisava “reorientar seus esforços” e garantir que “recursos apropriados fossem alocados para esse propósito”.
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Problemas nos controles se acumulam
O Federal Reserve, que está reavaliando parte da multa, disse que uma inspeção em 2023 no Citi concluiu que seus problemas de controle de dados continuavam demonstrando riscos.
Jane Fraser, segundo o jornal Financial Times, disse em uma declaração na quarta-feira que o Citi havia feito "bom progresso", mas reconheceu, como fez em um evento recente para investidores, que questões regulatórias eram uma das áreas em que o banco não havia agido rápido o suficiente para resolver problemas.
No mês passado, outro regulador dos EUA, a Federal Deposit Insurance Corporation, votou pela rejeição ao chamado testamento vital do Citi, considerando que seus planos para o fechamento teórico em caso de calamidade e para evitar um eventual resgate por parte do governo eram "deficientes".
Em maio, reguladores do Reino Unido multaram o Citi em US$ 80 milhões por não ter evitado erro em uma operação de US$ 1,4 bilhão, que ocorreu em 2022 e que abalou os mercados de ações europeus, um ano após Jane se tornar a principal executiva do banco.
Executivos do alto escalão do Citi, encarregados de dados e tecnologia, tem deixado o banco recentemente, incluindo Mike Whitaker, que era o chefe de tecnologia e operações do JP Morgan. Whitaker foi substituído em maio por Tim Ryan, que foi executivo da consultoria PwC nos EUA.
“Nós intensificamos nosso foco e aumentamos nosso investimento nessas áreas nos últimos meses”, disse Jane Fraser, segundo o Financial Times. “Sempre dissemos que o progresso não seria linear, e não temos dúvidas de que seremos bem-sucedidos em levar nossa empresa para onde ela precisa estar.”
Casos remontam a 2020
Os problemas com dados do Citi remontam a 2020, quando o banco enviou por engano US$ 900 milhões para credores de seu cliente Revlon. Em poucos meses, o Citi foi multado em US$ 400 milhões pelos reguladores por ter controles inadequados de risco e dados, e foi ordenado a tomar providências.
O então presidente-executivo do Citi, Mike Corbat, anunciou em setembro daquele ano que estava se demitindo. Jane Fraser assumiu em março de 2021 e chamou a correção dos problemas regulatórios do Citi de sua "prioridade máxima".
Ela rapidamente contratou Rob Casper, um ex-executivo de tecnologia de ponta do rival JP Morgan, para liderar o trabalho de transformação de dados do Citi. Mas ele deixou o banco em maio de 2023.
No lugar do executivo, o Citi contratou Kathleen Martin, que também veio do JP Morgan, e que recentemente processou o banco. Ela alegou que foi repetidamente instruída a mentir para os reguladores sobre os progressos do Citi em seus esforços de mitigação de risco e dados.
O Citi está contestando o processo e disse que a executiva foi demitida por motivos legítimos.
*(Com informações do Estadão Conteúdo e do Financial Times)