As reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) continuam ao longo de toda semana. Mas as atenções se voltam para o principal credor do órgão, a Argentina, liderada pelo ultraliberal Javier Milei.
Na mais recente apresentação do Panorama Econômico Mundial (WEO, na sigla em inglês), representantes do fundo mantiveram as projeções de que a inflação da Argentina cairá para 150% até o fim de 2024, após os preços subirem 211% em 2023.
Contudo, o FMI ainda prevê que a economia argentina irá contrair 2,8% este ano em relação ao ano anterior. O motivo principal é o forte ajuste fiscal implementado pelo governo de Milei para equilibrar as contas públicas e conter a disparada da inflação.
Mas as projeções para 2025 melhoram, com a expectativa de que a inflação fique em 45% ao ano e a atividade econômica cresça 5% em relação ao ano anterior.
Quem deve embarcar para Washington na noite desta terça-feira é o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, ainda sem agenda oficial confirmada.
O que se sabe é que ele busca um novo empréstimo de US$ 15 bilhões junto ao fundo — além de tentar reduzir as sobretaxas sobre a dívida argentina, o que pouparia ao país até US$ 1 bilhão até o fim do ano.
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Disputas internas
Ainda nos próximos dias, outro nome que deve ser lembrado com carinho por Milei é o de Victoria Villarruel. Isso porque a vice-presidente também acumula o cargo de presidente do Senado na Argentina.
Em outras palavras, Villarruel também é responsável por colocar as pautas do governo em debate nas Casas Legislativas.
Porém, a vice-presidente já deu algumas “caneladas” com os deputados, como quando colocou em pauta o chamado Decreto de Necesidad y Urgencia (DNU) antes que o governo pudesse negociar o acordo e fazer alianças.
Assim como a Ley Ómnibus, o DNU é um pacote de decretos que trazem medidas e reformas de desregulamentação da economia.
Agora, o papel de Villarruel será o de articular com o Congresso, no qual o partido do presidente não consegue compor maioria em nenhuma das duas casas, a aprovação dos pacotes do presidente,
A Argentina de Milei sob pressão
Por fim, vale lembrar que Milei começou o ano apostando todas as fichas na Ley Ómnibus e no Decreto de Necesidad y Urgencia (DNU), que o Congresso fez voltar à estaca zero na Casa.
Agora, as atenções se voltam para o chamado Pacto de Maio, que deve ser assinado entre a União e os governadores das províncias em 25 de maio, na cidade de Córdoba — onde, diz Milei, teria nascido seu cão Conan.
A medida, contudo, não é novidade: assim como a Lei Ônibus e o DNU, o Pacto de Maio nada mais é do que uma proposta de desregulamentação da economia argentina.