A Smart Fit (SMFT3) não parece perto de desacelerar o ritmo da corrida em direção a novas aquisições. Pelo contrário, aliás.
A companhia anunciou nesta terça-feira (16) a compra de 100% da rede de academias Velocity por R$ 183 milhões.
Desse total, cerca de R$ 163 milhões serão pagos no momento do fechamento da transação. Outros R$ 10 milhões serão liberados a partir do 3º aniversário da conclusão da operação — com prazo máximo de até seis anos desde o fechamento.
Os R$ 10 milhões restantes estão sujeitos ao cumprimento de condições e metas estabelecidas em contrato, e devem ser depositados após 12 meses contados a partir da data de fechamento da transação.
A empresa afirma que o negócio com a Velocity “aumenta a complementaridade do portfólio de modalidades do segmento de Studios” da Smart Fit, que hoje soma 23 unidades.
Vale destacar que os valores podem passar por ajustes usuais para esse tipo de transação, a serem determinados pelas empresas.
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Os detalhes da compra da Velocity
O negócio já era esperado pelo mercado desde o fim de junho, quando a Smart Fit (SMFT3) confirmou rumores de que estava em negociações com a rede de estúdios de spinning.
Fundado em 2014, o grupo Velocity é a maior rede de estúdios fitness de spinning do Brasil e atualmente possui 82 unidades, sendo que 77 são franquias.
Segundo o resultado financeiro não auditado, a rede de spinning apresentou lucro líquido de R$ 10,1 milhões no acumulado dos últimos 12 meses até abril de 2024, com 28% de margem líquida. Já a receita líquida foi de R$ 35,6 milhões em igual intervalo.
Além das aulas coletivas de spinning, o grupo Velocity também possui unidades focadas em treinamento funcional.
Como a aquisição está sendo realizada por meio das subsidiárias operacionais Race e Bioswim — que são empresas de capital fechado —, a conclusão da operação não depende do aval dos acionistas em assembleia geral.
Entretanto, o fechamento da transação ainda está sujeito ao cumprimento de condições precedentes.
É hora de comprar a ação da Smart Fit (SMFT3)?
Na avaliação do BTG Pactual, a aquisição da Velocity pela Smart Fit é um movimento “marginal”, mas que aumenta a complementaridade do portfólio do segmento de estúdios da companhia no mercado primário.
Para os analistas, a empresa está “soberbamente posicionada” como um player de América Latina, uma vez que cerca de 55% da expansão da receita nos próximos quatro anos é esperada para vir do exterior.
Na previsão do banco, a companhia deve se beneficiar da grande escala na região, além das melhorias de lucratividade devido à melhor alavancagem operacional e otimização de custos.
Segundo o BTG, a Smart Fit atualmente possui um valuation premium, negociando em um múltiplo de 18 vezes a relação preço sobre lucro (P/L) de 2025.
Além disso, a companhia enfrenta o risco de uma potencial canibalização intra-academia, que poderia afetar o número de membros por unidade, e da competição de pares como a Bluefit.
Mas mesmo com todos os riscos, os analistas veem “excelentes perspectivas de crescimento” para os próximos quatro anos — o que sustenta a recomendação de compra para as ações SMFT3.
Segundo o Goldman Sachs, a aquisição da Velocity é "um ponto positivo estratégico", uma vez que complementa a proposta de valor da oferta de estúdios da Smart Fit.
"Embora a empresa adquirida seja relativamente pequena em comparação com a Smart Fit, notamos que o múltiplo implícito pela aquisição, de 18 vezes, está abaixo de onde a SMFT3 negocia, de 22 vezes o preço/lucro dos próximos 12 meses", afirmaram os analistas.
Para o banco norte-americano, o segmento de Studios aumenta a proposta de valor das ofertas Total Pass e Bio Ritmo da Smart Fit — e a aquisição da Velocity aumentará significativamente a pegada da companhia nesta divisão, adicionando 82 estúdios de spinning fitness à sua oferta atual de 23 estúdios de variadas atividades.
O Goldman Sachs possui recomendação de compra para as ações SMFT3, com preço-alvo de R$ 32 para os próximos 12 meses, o que representa um potencial de alta de 39% frente ao último fechamento.
Já para o Santander, a aquisição pode gerar sinergias operacionais e de marketing, além de aumentar as oportunidades de vendas cruzadas.
"Acreditamos que ela pode elevar a importância vertical dos Studios dentro do modelo de negócios da Smart Fit e aprimorar a oferta do Total Pass", afirmou o banco.
Na avaliação dos analistas, o ticket médio mais alto da Velocity em comparação com o negócio principal de academia da Smart Fit pode aumentar o apelo da empresa para faixas de renda mais altas.
"Acreditamos que essa estratégia de diversificação é uma boa jogada e a consideramos vanguardista, dado que a expansão de seu negócio principal está progredindo de forma constante ao ampliar seu portfólio para incluir mais ofertas premium e se posicionar como um provedor abrangente de soluções de fitness, solidificando assim a base da oferta Total Pass."
O Santander manteve a ação da SmartFit como uma das principais escolhas no varejo do Brasil, com recomendação outperform — equivalente a compra — e preço-alvo de R$ 32 para o fim deste ano.