A bola dos dividendos extraordinários da Petrobras (PETR4) estava quicando no campo dos acionistas e, finalmente, na noite de sexta-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apitou para a estatal avançar na distribuição dos proventos. A pergunta que muito investidor pode estar fazendo agora é se vale entrar em campo e comprar as ações da estatal agora.
E cada banco tem uma visão sobre ter os papéis da companhia em carteira neste momento — o consenso é não se desfazer deles.
O Goldman Sachs, por exemplo, reiterou a recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo de R$ 49,40 por ação ON e R$ 44,90 por PN — o que representam potenciais de valorização de 15,6% e 10%, respectivamente, sobre o fechamento de sexta-feira (19).
O Goldman calcula que a potencial distribuição de 50% de dividendos extraordinários pela Petrobras, do montante originalmente definido para a conta de reservas, deve criar um potencial de alta de cerca de 4,2 pontos porcentuais (p.p.) ante o cenário-base do banco, de rendimento de dividendos de 12% para o ano fiscal de 2024.
Já o Bradesco BBI elevou a recomendação da Petrobras de neutra para compra, considerando, além da distribuição dos dividendos extraordinários, um ambiente melhor do que o esperado para a estatal, com apoio do preço do petróleo Brent.
Junto com a mudança de recomendação, o BBI elevou o preço-alvo para a ação PN de R$ 41 para R$ 46 — o que representa um potencial de valorização de 13,5% sobre o fechamento de sexta-feira (19).
Para o American Depositary Receipt (ADR), o preço-alvo subiu de US$ 17 para US$ 19, o que equivale a uma valorização potencial de 21,9% em relação ao último fechamento.
O BBI chama atenção para dois pontos de atenção que podem voltar a deteriorar a tese da Petrobras:
- Jean Paul Prates não ser reeleito presidente da companhia na reunião de acionistas desta quinta-feira (25)
- A defasagem nos preços de combustíveis no Brasil, com desconto de 6% na gasolina versus a paridade de exportação.
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Mas nem todo mundo recomenda a compra de Petrobras agora
Mas nem todo mundo recomenda a compra de Petrobras mesmo com a distribuição dos dividendos extraordinários.
O Itaú BBA, por exemplo, reiterou recomendação neutra para a Petrobras. O preço-alvo de R$ 43 para a ação preferencial equivale a um potencial de valorização de 6,10% sobre o fechamento de sexta-feira (19).
Segundo o BBA, a decisão do conselho de administração da Petrobras de aprovar o pagamento de 50% dos dividendos extraordinários sinaliza uma mudança significativa na estratégia da companhia e uma nova abordagem em relação à distribuição de lucros — caminhando de volta à proposta original do quarto trimestre, que estava alinhada com as expectativas iniciais do mercado.
"O conselho de administração não apenas concorda com a proposta de pagar 50% da reserva como dividendos extraordinários, mas também deve discutir em um futuro próximo o pagamento dos 50% restantes ao longo de 2024”, diz o Itaú BBA em relatório.
O Citi também reiterou a recomendação neutra para os ADRs da Petrobras, com preço-alvo de US$ 15 — o que representa um potencial de desvalorização de 8,9% em relação ao fechamento do último pregão.
O Safra também uma posição neutra para as ações da Petrobras, com preço-alvo de R$ 34 tanto para a ação PN quanto para a ON.
Embora considere o anúncio positivo, o Safra aponta que toda a situação se desenrolou de forma tortuosa, sem a preocupação da petroleira de aplacar os temores do mercado com os possíveis aumentos de interferências políticas por trás da estratégia de alocação de capital da empresa.
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Mais dividendos extraordinários no horizonte?
De acordo com a maioria dos analistas, os investidores já esperavam essa reviravolta na decisão do conselho de administração da Petrobras, com o preço das ações aparentemente já refletindo em grande parte a decisão de pagar 50% da reserva de capital em dividendos extraordinários.
Por volta de 13h55, as ações PETR3 subiam 2,22%, a R$ 43,65. Já os papéis PETR4 avançavam 1,92%, a R$ 41,32. Acompanhe nossa cobertura ao vivo dos mercados.
Assim como a recomendação de compra das ações da Petrobras não é um consenso, a possibilidade de a estatal pagar os 50% restantes dos dividendos extraordinários ao longo do ano também não é.
Para o ano, o BBA estima que os dividendos ordinários da Petrobras devem atingir a casa dos R$ 47 bilhões, aos quais será adicionado um dividendo extraordinário de R$ 22 bilhões relacionados a 50% das reservas de capital.
“Se a Petrobras decidir anunciar 100% das reservas como dividendos extraordinários este ano, isso implicará um rendimento de dividendos de 17,4% em 2024 (base contábil de acréscimo)”, diz o BBA.
Já o cenário-base do Goldman Sachs ainda trabalha apenas com os dividendos mínimos estabelecidos na atual política de dividendos da empresa estatal — mas o banco calcula também que uma potencial distribuição de 100% de dividendos extraordinários acarretaria em uma alta de 8,5 p.p. para o rendimento de dividendos-base.
Segundo comunicado da Petrobras, a eventual distribuição da outra metade, a título de dividendos intermediários, "será avaliada pelo Conselho de Administração ao longo do exercício corrente".