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Desceu amargo: Ação da Heineken tomba quase 10% na Europa após balanço — e a Ambev não deve dar trégua na briga das cervejas

Garrafas de cerveja Heineken

A Heineken frustrou as expectativas do mercado na manhã desta segunda-feira (29) com o anúncio de um balanço amargo no primeiro semestre de 2024.

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A cervejaria teve um prejuízo líquido de 95 milhões de euros (R$ 580,3 milhões, no câmbio atual) entre janeiro e junho deste ano — revertendo o lucro de 1,16 bilhão de euros (R$ 7,09 bilhões) registrado no mesmo período de 2023.

A cifra veio bem abaixo do esperado pelos analistas, que previam ganhos da ordem de 985 milhões de euros, de acordo com o consenso fornecido pela própria empresa.

Segundo a companhia, o fraco desempenho é resultado de uma baixa contábil (impairment) de 1,05 bilhão de euros relacionada principalmente à desvalorização de sua fatia de 40% na cervejaria chinesa CR Beer.

A decepção com os números do semestre fez a ação espumar na bolsa de valores de Amsterdam. Por volta das 10h40, os papéis derretiam 9,44%, negociados a 82,14 euros.

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Outros destaques do balanço da Heineken

A Heineken disse que a baixa contábil foi resultado do declínio no preço das ações da CR Beer diante de preocupações com a demanda dos consumidores na China, e não com o desempenho operacional da empresa chinesa.

Já o lucro líquido ajustado da Heineken — no padrão contábil “Beia”, antes de “itens excepcionais e amortização de ativos intangíveis” — subiu 4,4% em relação a igual intervalo do ano passado, para 1,2 bilhão de euros na primeira metade de 2024.

Por sua vez, a receita líquida orgânica cresceu 5,9% na mesma base de comparação, a 17,81 bilhões de euros, acima do consenso de 15,19 bilhões de euros.

Os volumes de cerveja consolidados, incluindo Heineken e mais de 300 outras marcas como Amstel, Red Stripe, Sol e Desperados, tiveram expansão orgânica de 2,1%, abaixo das previsões de avanço de 3,2%. Considerando apenas a marca Heineken, os volumes aumentaram 9,2%.

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“O crescimento no segundo trimestre foi menor devido à queda na Páscoa no primeiro trimestre de 2024, à intensificação da competição no segmento econômico no Brasil e ao clima ruim em junho na Europa”, afirmou a empresa.

Heineken e Ambev: a briga das cervejas

Na avaliação do BTG Pactual, a briga das cervejas está aumentando — e a Ambev (ABEV3) está pronta para fazer frente à disputa no Brasil.

“O suposto desempenho ruim de volume da Heineken no trimestre não vem como uma surpresa completa, já que a própria Heineken admitiu que o desempenho de vendas no primeiro trimestre foi impactado positivamente por acúmulos de estoque e já que o CEO comentou no início de junho que a competição acirrada estava impactando a economia e o desempenho do mainstream no segundo trimestre”, escreveu o banco, em relatório.

Segundo os analistas, a forte desaceleração no mainstream foi “notável” — e potencialmente impulsionada pela postura “aparentemente muito promocional” da Petrópolis. 

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Já a cervejaria do trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles deve registrar um trimestre mais forte, na visão do BTG Pactual.

Nas projeções do banco, a Ambev deve registrar um crescimento de volume de 1,5% em cerveja no Brasil entre abril e junho, com alta de 4,1% nas vendas em relação ao segundo trimestre de 2023.

A Ambev (ABEV3) deve divulgar os resultados do segundo trimestre de 2024 em 1º de agosto. Veja o calendário completo de balanços aqui.

“Esse desempenho irregular em termos de volumes e desempenho discrepante aparente em termos de preço médio reforça nossas preocupações sobre o ambiente competitivo ser bastante acirrado”, destacou o BTG. 

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“Agora que a luta por participação de mercado parece estar aumentando, a força real do portfólio da Ambev será testada.” 

De acordo com os analistas, no curto e médio prazo, a Heineken ainda parece ter algum espaço para capitalizar a força de suas duas marcas líderes — o que pode criar um cenário competitivo volátil por mais um tempo. 

Além disso, o desempenho robusto da Heineken no segmento premium “também destaca a força da marca no Brasil”, afirma o banco.

Dado que sua participação justa é maior do que sua participação de mercado atual, não achamos que essa tendência irá parar tão cedo. O caso da Ambev continua sendo um em que as avaliações são mais palatáveis ​​após a recente redução de classificação. 

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O banco vê a Ambev (ABEV3) negociando com um desconto de mais de 20% em relação aos pares globais — o que faz com que valuation não seja mais uma preocupação dos analistas. 

Entretanto, os analistas afirmam estarem “particularmente preocupados com o momentum da linha superior” em meio ao ambiente competitivo em uma indústria que mostra “claros sinais de maturação”. 

O BTG possui recomendação neutra para as ações ABEV3.

*Com informações do Estadão Conteúdo e da CNBC.

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