Em meio à pressão do governo Lula sobre as decisões de política monetária do Banco Central (BC), o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, voltou a defender a autonomia da autarquia.
“Um banco central independente pode entregar melhor trabalho à sociedade”, disse Campos Neto.
O presidente do BC é alvo de críticas de membros do governo e do presidente Lula em relação às decisões sobre a Selic, a taxa básica de juros, atualmente em 10,50% ao ano. Para integrantes do governo e aliados, os juros altos reduzem o crescimento econômico do país.
Os integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, por sua vez, atribuem o atual patamar da Selic à necessidade de manter a inflação sob controle.
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Um BC premiado em meio aos juros altos
Campos Neto recebeu, na noite desta quarta-feira (12), em Londres, o prêmio “Banco Central do Ano”, conferido pelo portal de notícias Central Banking.
O presidente do BC afirmou que a premiação é o reconhecimento de uma série de esforços de um banco central ainda “muito jovem” em termos de autonomia.
Ele ressaltou que o BC promoveu a maior alta de juros em um ano de eleição no Brasil, em 2022, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Vale lembrar que Campos Neto foi indicado por Bolsonaro ao comando do BC, e segue no posto em razão da lei de autonomia da instituição, em vigor desde 2021. O mandato de RCN acaba no final de 2024.
Com a aceleração da inflação após a pandemia, a autoridade monetária começou a subir os juros antes dos grandes bancos centrais globais, segundo o presidente da autarquia.
“Eu acho que isso prova que um banco central independente pode entregar um produto bem melhor em termos de diminuir a inflação com um custo mínimo para a sociedade”, disse.
Após elencar entregas e projetos da agenda de inovação, como o Pix, o Open Finance e a moeda digital, ele parabenizou todas as pessoas que trabalham no Banco Central. “Este prêmio é de todos.”
Um BC ainda mais independente vem aí?
Na próxima semana, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado deve analisar a proposta de emenda à Constituição (PEC) que dá autonomia orçamentária e financeira ao Banco Central.
O objetivo principal da PEC é desvincular o orçamento do BC dos repasses da União, transformando a autarquia em uma empresa pública. Com isso, o BC passaria a utilizar as próprias receitas para seu funcionamento, sem vínculo com o governo.
*Com informações do Estadão Conteúdo