A prévia da inflação oficial de outubro acelerou mais do que se esperava e levou o dólar a bater R$ 5,70 na manhã desta quinta-feira (24).
A alta do IPCA-15 também pressiona a curva de juros em um momento no qual o Banco Central (BC) comandado por Roberto Campos Neto inicia um novo ciclo de alta da taxa Selic.
Simultaneamente, em uma manhã na qual as bolsas europeias sobem e Wall Street sinaliza abertura em território positivo, o IPCA-15 de outubro ameaça deixar o Ibovespa na beira da estrada. A bolsa brasileira abriu em leve queda hoje.
Na leitura mensal, a prévia da inflação medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acelerou de +0,13% em setembro para +0,54% agora.
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IPCA-15 beija o teto da meta de inflação
No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 passou de +4,12% no mês passado para +4,47% em outubro.
A mediana das projeções dos analistas consultados pelo Broadcast indicava acelerações a +0,51% na leitura mensal e +4,43% em 12 meses.
O resultado leva o IPCA-15 para muito perto do teto da meta do Conselho Monetário Nacional (CMN) para o índice de preços ao consumidor em 2024.
A meta de inflação é de 3%, com uma banda de oscilação que permite que o índice feche o ano entre 1,50% e 4,50%.
O resultado reforça a visão do mercado de que Roberto Campos Neto e os diretores do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC vão acelerar a alta da Selic na próxima reunião, marcada para 5 e 6 de novembro.
O que puxou o IPCA-15 para cima em setembro
A prévia da inflação oficial de outubro foi puxada pelos gastos com habitação (+1,72%) e alimentação (+0,87%).
Na avaliação de Andre Fernandes, head da mesa de renda variável e sócio da A7 Capital, a composição do IPCA-15 deste mês não veio boa.
"Tanto o índice cheio quanto os núcleos seguem acelerando", afirmou.
O grupo habitação foi impactado pelas altas de 5,29% das despesas com energia elétrica e de 2,17% do gás de botijão.
No caso específico da energia elétrica, a vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 2 diante da emergência climática foi decisiva para o resultado.
Ao mesmo tempo, as despesas com alimentação em domicílio cresceram 0,95% na passagem de setembro para outubro, também sob impacto da recente seca que assolou o Brasil.
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Isso mexe com as projeções para a taxa dos juros?
Para além das pressões de itens voláteis como energia e alimentos, chamou a atenção a alta dos preços dos serviços.
No entanto, trata-se de uma questão pontual, segundo André Valério, economista sênior do Inter.
A inflação de serviços foi puxada principalmente pelo reajuste dos planos de saúde (+0,53% na passagem de setembro para outubro).
Para Valério, o resultado do IPCA-15 não muda a percepção de que o Copom elevará a taxa de juros em 0,50 ponto porcentual em novembro, para 11,25% ao ano.
Em setembro, ao iniciar um novo ciclo de aperto monetário, o BC elevou a Selic em 0,25 ponto porcentual.
Já o economista Lucas Barbosa, da AZ Quest afirma que, embora não mexa com as projeções da casa para a Selic, a alta dos chamados serviços subjacentes acende um sinal de alerta depois de meses se surpresas para baixo.