Site icon Seu Dinheiro

Governo bloqueia mais R$ 6 bi do Orçamento e passa a prever déficit maior em 2024, mostra relatório de receitas e despesas

Simone Tebet, ministra do Planejamento, e Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Simone Tebet, ministra do Planejamento, e Fernando Haddad, ministro da Fazenda.

Os ministérios do Planejamento e da Fazenda informaram na noite da última sexta-feira (22) que a contenção do Orçamento foi elevada no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do 5º bimestre. O congelamento foi de R$ 13,3 bilhões para 19,3 bilhões.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

São R$ 6 bilhões em bloqueios adicionais, por causa da elevação das despesas, ante R$ 13,3 bilhões do relatório relativo ao 4º bimestre. Mais uma vez, não houve recursos contingenciados, em função de frustração de receitas – o governo chegou a contingenciar R$ 3,8 bilhões neste ano, mas reverteu a decisão em setembro.

O relatório também revisou a estimativa do resultado primário para 2024 de déficit de R$ 28,349 bilhões para R$ 28,737 bilhões. A meta de resultado primário do Governo Central deste ano é de resultado neutro, de 0% do PIB, conforme estabelecido pelo novo arcabouço fiscal, que prevê uma banda de tolerância de 0,25 ponto porcentual. O Orçamento proposto pelo governo previa um pequeno superávit de R$ 2,8 bilhões.

A projeção da equipe econômica para as receitas primárias totais da União neste ano oscilou de R$ 2,7 trilhões para R$ 2,698 trilhões. Já a estimativa para a receita líquida – livre de transferências para os governos regionais – passou de R$ 2,173 trilhões para R$ 2,169 trilhões neste ano.

Do lado das despesas primárias, a previsão de gasto total em 2024 caiu de R$ 2,242 trilhões para R$ 2,234 trilhões. Com as revisões deste relatório, o volume de gastos obrigatórios se manteve em R$ 2,043 trilhões, enquanto as despesas discricionárias variaram de R$ 198,4 bilhões para R$ 191,1bilhões neste ano.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Como ocorre em todo processo de elaboração do relatório de avaliação bimestral de despesas e receitas, o governo fixa primeiro o valor que deverá ser congelado e, depois, esse montante é repartido entre as áreas.

Os efeitos macro do bloqueio e contingenciamento no Orçamento serão detalhados em entrevista coletiva a ser marcada na próxima semana.

Já o detalhamento do impacto por pasta deve ocorrer somente no fim do mês, como de praxe, quando um decreto com o congelamento por área é publicado no Diário Oficial.

Projeção de despesas com Previdência sobe R$ 7,669 bilhões

Ainda segundo o relatório, a previsão de gastos com benefícios previdenciários em 2024 subiu de R$ 932,364 bilhões, para R$ 940,034 bilhões, um avanço de R$ 7,669 bilhões.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A projeção para os pagamentos de pessoal e encargos sociais caiu em R$ 1,940 bilhão, para R$ 351,625 bilhões.

Os valores estimados para o pagamento de precatórios e sentenças judiciais recuaram em R$ 30 milhões, chegando a R$ 19,377 bilhões.

Pelo lado da arrecadação, a estimativa para as receitas com dividendos de estatais teve elevação de R$ 4,505 bilhões, para R$ 72,966 bilhões.

Já as receitas previstas com concessões tiveram queda de R$ 2,197 bilhões, para R$ 18,545 bilhões.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O relatório também mostra que a projeção para arrecadação com royalties neste ano subiu R$ 250,6 milhões, para R$ 123,419 bilhões.

Abatidos do resultado primário, créditos extraordinários somam R$ 36,566 bi

Os créditos extraordinários, gastos que são abatidos da meta de resultado primário, somaram R$ 36,566 bilhões, segundo o relatório bimestral de receitas e despesas do 5º bimestre.

O valor representa uma redução de R$ 3,919 bilhões em relação ao projetado no documento do 4º bimestre, que previa exclusão de R$ 40,486 bilhões para o cumprimento da meta do Orçamento.

Entre esses créditos extraordinários estão os recursos voltados para o enfrentamento à calamidade climática do Rio Grande do Sul, que somam R$ 33,6 bilhões, além de R$ 124 milhões de renúncia de receita por diminuição da arrecadação do IPI.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) também tirou da meta os valores gastos com o enfrentamento aos incêndios florestais, que somam R$ 1,453 bilhão.

Além disso, um acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a restituição de limites de despesas pretéritos definidos pelo poder judiciário, que gerou um impacto de R$ 1,348 bilhão, também não contabilizados para a meta.

VEJA TAMBÉM: A CONTA QUE NÃO FECHA: Por que o risco fiscal ASSUSTA TANTO e o que LULA deveria fazer

Governo espera arrecadar R$ 17 bi até final do ano com pacote de receita

O governo federal espera reforçar o orçamento em R$ 17 bilhões até o fim de 2024 com as medidas arrecadatórias aprovadas no Congresso Nacional no ano passado. O pacote previa uma arrecadação de R$ 168,3 bilhões ao longo do ano para garantir o cumprimento da meta de resultado primário de déficit zero.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em setembro, o cálculo era de que seriam arrecadados ainda R$ 33,740 bilhões até o fim de 2024. A estimativa não detalha, no entanto, o quanto já foi arrecadado com cada medida nos meses anteriores.

Veja abaixo o quanto o governo espera arrecadar até o final do ano com cada proposta:

Fonte de receitaPrevisão de arrecadação até o fim do ano
Subvenção de ICMSR$ 4,702 bilhões
Voto de qualidade do CARFR$ 424 milhões
Apostas de quota fixaR$ 132 milhões
Lei 14.873/2024 (compensações tributárias)R$ 4 bilhões
Transações Receita FederalR$ 5 bilhões
Transações PGFNR$ 2,749 bilhões
TOTALR$ 17,008 bilhões
Fonte: Ministério do Planejamento

*Com Estadão Conteúdo

Exit mobile version