Se antes a China estava tendo que lidar com uma economia “insossa”, o Gigante Asiático parece ter animado os mercados globais com a divulgação de um pacote de estímulos econômicos nesta terça-feira (24).
O foco do governo chinês é impulsionar o consumo em meio ao período de turbulência econômica que derrubou os preços e desacelerou o mercado imobiliário, em crise há três anos.
Em meio a esse cenário, o presidente do Banco Popular da China (PBoC) – banco central chinês –, Pan Gongsheng, anunciou uma série de medidas com o objetivo de “ressuscitar” a economia do país.
O pacote já é considerado o mais agressivo desde a pandemia de Covid-19.
As iniciativas incluem a redução do compulsório bancário e o corte de taxas de juros, inclusive para financiamentos imobiliários e para a compra de um segundo imóvel.
O que está em jogo no novo pacote econômico da China
O banco central da China reduziu a taxa de compulsório dos bancos – que é o dinheiro que as instituições financeiras devem manter como reserva – em 50 bps.
Esse é o nível mais baixo desde 2018, e a estimativa é que essa decisão libere cerca de 1 trilhão de yuans para novos empréstimos, o equivalente a R$ 776 bilhões no câmbio atual.
De acordo com Pan, o PBoC ainda fará um novo corte nos compulsórios de 25 a 50 bps até o fim deste ano.
A medida considerada uma das mais importantes pelo mercado foi a queda da taxa básica de juros. O banco central reduziu a taxa de recompra reversa (repo) de 7 dias em 20 bps, para 1,5%.
O pacote também inclui iniciativas para impulsionar o mercado imobiliário. O presidente do banco central chinês anunciou uma redução de 50 bps nas taxas de juros das hipotecas existentes, além de estimular a compra de novas moradias.
Quem comprar um segundo imóvel terá que lidar com uma taxa mínima de entrada menor do que era anteriormente. Agora, a China estabeleceu que a taxa deve ser de 15%, a mesma cobrada na aquisição da primeira residência.
Além disso, o PBoC também quer incentivar o mercado acionário da China. Entre as propostas está o estímulo financeiro para que empresas de seguros e gestoras de fundos possam comprar ações, o que pode gerar mais liquidez no mercado, além de oferecer empréstimos mais baratos para a recompra de papéis listados.
Após medidas ‘mornas’, novo pacote da China entusiasmou o mercado
O novo pacote de estímulos econômicos da China tomou conta dos noticiários e das análises de mercado.
O governo chinês já vinha há algum tempo divulgando iniciativas para incentivar a recuperação do Gigante Asiático, mas nenhuma chamou tanto a atenção global como esse anúncio recente de Pan Gongsheng.
Em relatório da consultoria Capital Economics, o chefe de pesquisa econômica da China, Julian Evans-Pritchard, afirmou que o país está dando “um passo na direção certa”.
Mas embora o pacote seja uma sinalização positiva, Evans-Pritchard destaca que se não houver um maior suporte fiscal, as medidas provavelmente serão insuficientes para impulsionar uma reviravolta no crescimento chinês.
Enquanto isso, bolsas do mundo todo reagem em alta com um maior otimismo sobre a segunda maior economia do mundo.
O mercado de Xangai fechou nesta manhã com o melhor pregão em quatro anos. O índice de ações chinês mais relevante, o Xangai Composto, saltou 4,15% hoje, um recorde desde julho de 2020.
As bolsas europeias também operam em alta após o anúncio do pacote chinês, que gerou uma melhora no apetite ao risco dos investidores.
Os ânimos mais confiantes também chegaram ao Ibovespa. O principal índice da bolsa brasileira dispara 1,07%, impulsionado principalmente pela alta de 5,1% das ações da Vale (VALE3) e de outras companhias do setor como a CSN Mineração (CMIN3) e a CSN Siderúrgica (CSNA3).
Ainda em reação às decisões do Gigante Asiático, somado à ata do Copom mais dura no cenário doméstico, o dólar despenca nesta terça. Ao meio-dia, o dólar era cotado a R$ 5,46, em queda de 1,3%.
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Os tempos difíceis para as mineradoras ficaram para trás?
As ações de mineradoras e siderúrgicas são os grandes destaques na bolsa brasileira nesta terça.
Com o pacote da China, o preço do minério de ferro disparou. Os futuros da commodity subiram 4,6% na Bolsa de Dalian (DCE), a maior alta desde maio de 2023, e foram considerados uma notícia positiva para as companhias brasileiras do setor.
A Vale (VALE3), que acumula queda de 25% em 2024 até o último fechamento (23), valoriza 5,1% nesta terça. Outros papéis do segmento também estão em um dia mais agradável para o investidor.
A CSN Mineração (CMIN3) sofre uma despencada de 19,7% desde janeiro, mas hoje se animou com uma alta de 5,5%. Outra companhia do mesmo grupo, a CSN Siderúrgica (CSNA3), tem a maior disparada do Ibovespa no dia, com avanço de 9,1% – contra a queda de 42% em 2024.
A Usiminas (USIM5) sobe 6,4%, a Bradespar (BRAP3) tem alta de 4,8% e a Gerdau (GGBR4) valoriza 3,3%.
Todas essas companhias têm sofrido por meses com as incertezas da economia na China e a pressão sobre os preços do minério de ferro e, por isso, comemoram os estímulos no mercado.
*Com informações de Estadão Conteúdo, CNN e O Globo