A participação ativa dos empresários colabora para o crescimento das pequenas e médias empresas (PMEs), mas é também um calcanhar de Aquiles para os empreendedores.
Esta é uma das conclusões da pesquisa ‘Cabeça de Dono’, promovida em conjunto pelo Itaú Empresas e pelo Instituto Locomotiva.
O levantamento ouviu mais de mil líderes de pequenas e médias empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 50 milhões, nas cinco regiões do Brasil, durante os meses de julho e agosto deste ano.
Segundo o documento, 96% dos empresários são responsáveis pelas decisões estratégicas de, em média, quatro áreas de sua empresa.
Na visão de Carlos Eduardo Peyser, diretor do Itaú Empresas, essa solidão no desempenho das atividades gera uma dificuldade na gestão de tempo.
E essa característica vem pesando na rotina: 46% dos entrevistados relataram se sentir sobrecarregados, de acordo com a pesquisa.
Além disso, o principal impacto na vida pessoal é a dificuldade em ter mais tempo para a família, com 62% dos entrevistados apontando o desejo de ter mais momentos com o núcleo familiar.
“A gestão do tempo, que é um ativo que não pode ser comercializado, é a maior dificuldade do empreendedor”, afirmou Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, em coletiva realizada nesta manhã.
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As consequências positivas para as PMEs
Embora venha prejudicando a vida pessoal dos empreendedores, é a atuação em diversas áreas que permite que os empresários tenham uma perspectiva positiva em relação ao futuro das próprias empresas.
Isso porque, na visão de Carlos Eduardo Peyser, essa característica possibilita uma maior flexibilidade para as pequenas e médias empresas.
“Eles são muito adaptáveis e, por o empresário desempenhar diversos papéis na empresa, ele consegue pegar uma ideia e colocar no mercado muito rapidamente e acaba tendo muito sucesso”, explicou Peyser.
De acordo com a pesquisa ‘Cabeça de Dono’, apesar da economia do país ser o fator que mais preocupa os empreendedores – com 41% afirmando ser o principal desafio para as PMEs – 79% estão otimistas em relação ao futuro de suas companhias.
Além disso, 60% dos empresários pretendem expandir os negócios no próximo ano.
“Essa adaptabilidade e esse papel do empresário que já se organizou fazem com que cresçam mais rapidamente de maneira geral”, revelou o executivo.
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De onde vem o otimismo?
Na avaliação de Renato Meirelles, as perspectivas positivas para as pequenas e médias empresas brasileiras também têm sido motivadas pela retomada do crescimento da economia do país, aliada a um aumento do salário dos brasileiros.
“A maior parte dos clientes das PMEs são os consumidores comuns. Então, o retorno do aumento real do salário mínimo e o controle da inflação nos preços dos alimentos. Quando os alimentos estão mais baratos, sobra dinheiro para as outras atividades de consumo”, explicou Meirelles em coletiva realizada nesta manhã.
Além disso, o presidente do Instituto Locomotiva avalia que o retorno do emprego formal também colabora para o crescimento das PMEs.
“Na prática, isso significa que tem mais gente fora de casa, o que gera um impacto gigantesco em dois setores: o comércio de alimentos, Food Service, e também as lojas de vestuário, que são dois setores importantes para o setor”.