Com a escalada dos conflitos no Oriente Médio, o petróleo atingiu o maior nível em cinco meses com o barril a US$ 90 na última semana. Mas, para o Bank of America (BofA) alguns ‘inimigos’ do óleo podem derrubar os preços em breve.
Em primeiro lugar, o petróleo é considerado um termômetro de aversão ao risco dos investidores internacionais. Ou seja, as oscilações do preço do barril nem sempre estão relacionadas apenas com a oferta e demanda da commodity.
Um dos motivos para isso é a relação entre inflação e petróleo: com o barril mais caro, o preço dos combustíveis aumenta e, consequentemente, a inflação sobe.
Por isso, para o banco, o petróleo está a lutar novamente contra o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos.
Em um cenário de inflação ainda elevada e as expectativas de crescimento da maior economia do mundo, “uma subida dos preços do petróleo poderá limitar ainda mais a capacidade dos bancos centrais de fornecer estímulos.”
Ou seja, o início de cortes nos juros pelo Federal Reserve (Fed) e do Banco Central Europeu (BCE) — precificados pelo mercado para junho deste ano — entra em jogo.
Mas nem tudo está perdido. "Os preços mais baixos de energia elétrica proporcionam algum alívio, juntamente com uma economia chinesa exportadora de deflação, e a ampla capacidade disponível de produção de petróleo bruto na OPEP+”, afirmam os analistas do BofA.
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Preço do petróleo: primeiro vai subir para depois cair
Como um cabo de guerra, o lado que tem mais força é, geralmente, o vencedor. No caso do petróleo, não é diferente.
Para os analistas do BofA, no primeiro momento, ‘os vencedores’ serão os que elevaram os preços da commodity — pelo menos nos próximos meses. São eles: uma possível escalada das tensões em conflitos que envolvam países exportadores relevantes, como Irã, Rússia e Venezuela (na disputa por Essequibo).
“Com o aumento das tensões no Médio Oriente, as medidas do lado da oferta da OPEP+ empurraram a volatilidade do petróleo bruto para o nível mais baixo em anos”, o que pode mudar daqui para frente.
Em meio a “cenário mais complexo”, os preços do barril do petróleo podem subir para até US$ 95 o barril.
Esse nível deve ser atingido entre julho e setembro deste ano, quando os bancos centrais iniciarem cortes nas taxas de juros.
Isso porque “mesmo que o aumento dos preços da energia possa dificultar o trabalho do Fed na redução das taxas de juro, os bancos centrais continuam concentrados, por enquanto, na redução da inflação subjacente — elementos dos preços não diretamente associados à volatilidade dos alimentos e dos combustíveis.”
Contudo, para o final do ano, o BofA projeta o barril do petróleo Brent, referência para o mercado mundial, a US$ 86. Já o barril do West Texas Intermediate (WTI), referência apenas para o mercado norte-americano, deve encerrar 2024 a US$ 81 o barril.
Apesar do preço ser mais baixo do que o nível do barril atual, negociado a US$ 90, o preço-alvo de 2024 é cerca de US$ 6 acima do previsto anteriormente pelo banco norte-americano.
“É importante ressaltar que os preços do petróleo Brent de longo prazo permaneceram bem ancorados nos últimos meses, situando-se no meio da nossa faixa de preço do petróleo de US$ 60 a US$ 80 o barril.”
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