O Bitcoin está cada vez mais presente no vernáculo do mercado financeiro, sendo muitas vezes entendido como “ouro digital”. A verdade é que o BTC (e a rede por trás desse ativo) vai além de um simples ouro digital, podendo ser utilizado para gerar yield através de tokens envelope, como o wBTC. O entendimento de ouro digital está enraizado nas características de escassez do ativo e na sua simplicidade.
É aqui que duas correntes de pensamento colidem: uma acredita que o BTC deve ser uma reserva de valor, apenas; já a outra vislumbra o Bitcoin como um possível meio de pagamento. É nesse contexto que surgem as soluções de segunda camada (Layer 2) do Bitcoin, que representam uma oportunidade significativa para expandir o potencial e as aplicações da rede Bitcoin.
- Leia também: Inteligência Artificial que ‘faz pix’? Robô automatizado pode gerar ganhos de até R$ 238 por dia; entenda
As soluções de segunda camada são projetadas para operar sobre a blockchain do Bitcoin, proporcionando uma série de melhorias sem comprometer a segurança e a descentralização inerentes à rede.
Essas tecnologias abordam questões críticas, como o aumento da capacidade de transações, a redução de taxas e a introdução de contratos inteligentes, todos fundamentais para tornar o Bitcoin mais acessível e funcional para uma ampla gama de usos.
Cito alguns exemplos de soluções que buscam ampliar os usos do BTC, sem depender de soluções envelopadas.
- Lightning Network: Inicialmente focada em micropagamentos, a Lightning Network melhorou drasticamente a capacidade do Bitcoin de lidar com transações rápidas e com baixas taxas, ao mover as transações para fora da cadeia principal e só liquidar o saldo final na blockchain do Bitcoin. Entretanto, a LN não permite a criação de contratos inteligentes.
- Stacks: Solução inovadora que utiliza o mecanismo de consenso Proof of Transfer (abreviado como PoX), que permite o travamento de BTC para participação no processo de validação de transações na rede, conectando diretamente o Stacks (STX) ao Bitcoin. Essa rede permite a criação de DApps e contratos inteligentes que se beneficiam da segurança do Bitcoin.
- BitVM: A mais nova potencial solução de escalabilidade e programabilidade para o BTC busca utilizar uma solução de rollups otimistas (assim como Arbitrum e Optimism na Ethereum), de maneira 100% nativa ao Bitcoin, isto é, utilizando a própria linguagem de programação do protocolo Bitcoin. Esse é um projeto pré-operacional, mas que representa a solução mais próxima de um Bitcoin naturalmente programável.
Existem outras soluções que se propõem a ampliar o escopo do BTC; ainda estamos em um estado embrionário dessa corrida.
Devemos lembrar também que essas soluções competem com o próprio ecossistema da Ethereum – mais maduro, testado e líquido do que qualquer outro ecossistema – e que pode incorporar o BTC através de envelopes. Acredito que a segunda opção ganhará tração com a entrada da Coinbase nesse nicho de mercado, com o cbBTC.
Variações semanais (19/08/24 a 26/08/24)
- Bitcoin (BTC)
Preço: US$ 62.849 | Var. +7,54%
- Ethereum (ETH)
Preço: US$ 2.681 | Var. +2,69%
? Dominância Bitcoin: 57,59% (Var. +1,19%)
* dados referentes ao fechamento em 26/08/24
Tópicos da semana
- Stablecoins batem a máxima histórica em tamanho de mercado: As stablecoins atingiram um novo pico histórico em capitalização de mercado, superando os US$ 168 bilhões, um valor que ultrapassa o recorde anterior de março de 2022. Este aumento reflete um crescente interesse pela utilização de blockchains públicas para a transmissão de valores financeiros. Os tipos de stablecoins também tem se expandido, tanto em termos de colateralização quanto em termos de geração de yield.
- Zuck foi influenciado por Biden/Harris: em uma carta publicada nesta semana, Mark Zuckerberg diz ter sido influenciado pela administração Biden/Harris em políticas e decisões corporativas, questões relacionadas à privacidade, segurança e conteúdo em suas redes sociais. A companhia de Zuckerberg engajou ativamente na supressão de escândalos envolvendo o atual presidente Joe Biden e o seu filho.
- Pavel Durov é preso na França: Pavel Durov, fundador do Telegram, foi preso na França, um evento que levantou questões sobre liberdade de expressão e a cooperação entre empresas de tecnologia e governos. A prisão está relacionada à recusa de Durov em ceder às pressões para censurar ou monitorar mensagens no Telegram, destacando o conflito entre privacidade, segurança e controle governamental sobre plataformas de comunicação.
LEIA TAMBÉM: O país do bitcoin? Brasileiros já compraram US$ 10 bilhões em criptomoedas em 2024
Gráfico da semana
O atual regime macroeconômico aponta um cenário bem positivo para ativos de risco. A inflação americana está controlada, o PIB segue em crescimento, os níveis de falência e risco de crédito estão dentro da normalidade, e os dados de desemprego, por mais que tenham aumentado na margem, também permanecem dentro da normalidade.
Somemos isso ao começo do ciclo de corte de juros nos EUA e a uma provável eleição de Donald Trump, e temos o cenário “céu de brigadeiro” para nós, investidores de criptoativos.
O desenrolar desse cenário, logicamente, não é uma linha reta, e os fatores podem mudar ao longo do tempo. Dito isso, tudo mais constante, espero que o gráfico abaixo suba. Ele representa o percentual do mercado cripto representado por altcoins, atualmente por volta de 21%.
Esse crescimento das alts em relação ao BTC tem sido bastante questionado neste ano, já que foram poucos os ativos que bateram o bom e velho “bitíca”. O descolamento desses ativos, comumente chamado de altseason, se manifesta em um cenário de apetite pelo risco – cenário que é mais provável de ocorrer após os cortes de juros do Federal Reserve, a partir de setembro. O desenrolar dessa história, você acompanha por aqui.
Grande abraço!