O uso da inteligência artificial (IA) está revolucionando o processo de recrutamento no mercado de trabalho atual, trazendo uma série de mudanças e desafios.
De acordo com reportagem publicada pela CNBC, a aplicação de IA em entrevistas e triagens promete se tornar o padrão já no próximo ano.
No entanto, para muitos candidatos, a experiência de falar com um “recrutador virtual” durante uma entrevista ainda é nova e impactante.
Após se candidatar a uma vaga recentemente, Paloma Conseco, uma designer gráfica de Nova Iorque, recebeu uma ligação de um sistema automatizado, descrito como "recrutador virtual".
A candidata relatou à CNBC que, durante a triagem inicial, notou que o sistema interagia de forma quase humana, respondendo com frases como “Isso é muito interessante” e “Perfeito para o que estamos procurando”.
Contudo, ao perceber que não teria contato direto com um recrutador humano, ela optou por encerrar a ligação, explicando que a falta de interação humana indicava uma cultura organizacional que talvez não valorizasse a conexão pessoal, algo que ela prioriza em um ambiente de trabalho.
Depois de compartilhar sua experiência no LinkedIn, a designer afirmou ter recebido relatos semelhantes de outras pessoas que também tiveram entrevistas conduzidas por IA interativa.
IA em recrutamento: “presente, real e incorporada”
Brent Orsuga, fundador da Pinnacle Growth Advisors, consultoria de recrutamento para empresas de logística, afirma que o uso da IA no recrutamento “já está presente, é real e está incorporada.”
Ele disse à CNBC que grandes empresas, como Chipotle, estão adotando sistemas como a “Ava Cado,” uma assistente virtual para agendamento de entrevistas e coleta de informações básicas sobre a empresa. A tecnologia é fornecida pela Paradox, uma empresa de software que atende a gigantes como Amazon, McDonald’s e General Motors.
Embora algumas empresas usem a IA apenas para tarefas de logística, plataformas de entrevistas por vídeo, como Spark Hire e HireVue, integram IA em processos de triagem automatizada. Além disso, segundo a matéria, ferramentas mais avançadas, como as da Apriora, conduzem entrevistas responsivas em tempo real.
A normalização das entrevistas com IA
Orsuga prevê que as entrevistas com IA interativa serão a norma até 2025, com benefícios tanto para empresas quanto para candidatos. Durante triagens iniciais, a IA pode ajudar a classificar rapidamente os candidatos entre qualificados, não qualificados ou “talvez.” Ele acredita que isso pode permitir que candidatos compartilhem suas qualificações em um formato de entrevista, ao invés de serem julgados apenas por currículos e cartas de apresentação.
Contudo, ele alerta para os potenciais vieses que a IA pode trazer, dependendo de como for programada para avaliar candidatos. Em entrevistas com IA, há incertezas sobre os critérios que o sistema está utilizando para decidir a adequação de um candidato, o que levanta preocupações éticas.
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A perspectiva dos candidatos
Para Paloma Canseco, a ideia de continuar esse tipo de interação com IA é desanimadora.
Ela reconhece que a IA pode agilizar o processo de recrutamento, mas teme que reduza a interação humana, elemento essencial para uma seleção autêntica.
“Existem humanos aplicando para essas vagas, e investimos muito tempo em cada aplicação,” afirmou à CNBC.
Ela teme que o uso da IA pode tornar o processo impessoal, distante dos recrutadores e gestores, e cada vez mais desafiador.
*Com informações da CNBC.