A inteligência artificial tornou-se inescapável para qualquer executivo que quer impulsionar sua empresa para o futuro e ter eficiência operacional. Uma pesquisa feita pela PWC em janeiro deste ano mostra que 60% dos CEOs preveem que a IA generativa (estilo ChatGPT e Gemini) vai melhorar a qualidade de produtos ou serviços.
Mas, na prática, como isso funciona? Como os empresários e tomadores de decisão podem, de fato, colocar a IA a seu favor? Quais são os desafios e tendências?
São estas perguntas que o Itaú BBA buscou responder ao convidar dois nomes de alto calibre para o painel do Macro Vision, evento realizado hoje (14).
São eles Vasi Philomin, vice-presidente de Inteligência Artificial Generativa da Amazon Web Services (AWS), e Daniela Amodei, presidente e co-fundadora da Anthropic e ex-Open AI.
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Os especialistas conversaram com o CIO do Itaú Unibanco, Ricardo Guerra, e com a VP de tecnologia, Júlia de Luca, sobre a IA generativa e a disrupção causada por ela.
Entre os tópicos abordados, estão:
- Aplicações práticas e imediatas da IA nos negócios;
- A possibilidade de a IA substituir empregos;
- A importância da integração das equipes de tecnologia e negócios;
- Segurança, ética e regulação da tecnologia;
- Tendências do futuro.
A IA no dia a dia dos negócios e do mercado de trabalho
Chatbots de atendimento, conteúdo e fotos criadas artificialmente, transcrições, ChatGPT, Gemini, desenvolvimento de códigos… fato é que a inteligência artificial generativa já está presente nos negócios hoje.
Vasi Philomin, da AWS, destacou os setores de seguros de saúde e fintechs como aqueles que estão melhor se adaptando à IA.
Dados interessantes revelados pelo executivo: nove entre 10 empresas farmacêuticas usam serviços de IA generativa e aprendizado de máquina da AWS. A Pfizer, por exemplo, já tem 19 mil projetos nessa área em desenvolvimento. Se conseguir aplicar todos eles, vai economizar em torno de US$ 750 milhões (R$ 4,1 trilhões).
A Nasdaq, também cliente da AWS, tem usado IA para investigar crimes financeiros, com eficiência de 33% no combate às fraudes.
“A maioria das pessoas vai usar IA generativa para transformar radicalmente seus negócios e levar sua empresa para o futuro”, declarou Philomin.
O próprio Itaú, organizador do evento, já usa chatbots aprimorados com IA para fazer atendimento ao cliente. Por trás das câmeras, o banco também já desenvolveu mais de um milhão de linhas de código e analisa 70 mil documentos por mês usando essa tecnologia.
Em suma, as empresas já estão usando ferramentas de IA para “substituir” funcionários. Quanto a esse tópico, o executivo da AWS fez uma provocação: “os seres humanos não vão competir com a IA, mas sim com outros seres humanos que a utilizam”.
A ideia da tecnologia é “livrar” os colaboradores de trabalhos maçantes, para que eles possam focar em funções mais complexas e que demandem inteligência emocional.
Daniela Amodei corrobora esta visão, reforçando que a ideia é “expandir o potencial humano”.
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Ricardo Guerra, CIO do Itaú, ainda reforça que, quando o assunto é inteligência artificial generativa, os paradigmas têm que mudar. As equipes de tecnologia e negócios têm que estar intrinsecamente associadas.
“É difícil descobrir como alavancar os negócios sem entender a tecnologia. E vice-versa. Você pode ser especialista em tecnologia e não entender o seu negócio”, comenta.
Segurança e inovação têm que andar juntas
Outro tópico amplamente abordado durante o Macro Vision foi a regulação da IA.
A chamada IA institucional, desenvolvida pela Anthropic, já é um “cheiro” do que está sendo feito pelas empresas para aumentar a segurança, assertividade e imparcialidade dos modelos de IA. Estes recebem um conjunto de guias para balizar suas respostas e decisões – entre essas orientações está a Declaração Universal dos Direitos Humanos, por exemplo.
“Segurança é bom para os negócios. Nós temos que garantir que esses modelos sejam confiáveis para as pessoas agora e no futuro”, reforçou Daniela Amodei.
Nesse cenário, Philomin acredita que é preciso encontrar a linha entre inovação e mitigação de riscos, além de uma certa sintonia na legislação global: “Você não quer que os governos tenham regulações completamente diferentes, porque isso vai criar uma ambiente muito difícil de implementação”.
Abordando aplicações práticas, o CIO do Itaú comentou que a instituição realiza, internamente, um “teste de estresse” das ferramentas. As tecnologias são postas à prova de forma incessante, até que não cometam mais erros. Apenas depois desse procedimento, elas são liberadas para os clientes.
Hiper personalização e memória institucional: o futuro da inteligência artificial
Por fim, os especialistas convidados também revelaram suas visões de futuro para a IA.
Para Vasi Philomin, da AWS, a hiper personalização é o caminho para esta tecnologia, que poderá fornecer serviços cada vez mais específicos para cada cliente.
Além disso, a colaboração com as “inteligências humanas” também deve ser fomentada, na visão do executivo. A ideia é que a IA contribua para aprimorar a produtividade e criatividade das pessoas, trabalhando junto a elas, não se sobrepondo.
Já para Daniela Amodei, da Anthropic, a IA pode funcionar como se fosse “o funcionário mais antigo da empresa”, resguardando a memória institucional, os dados e todas as informações importantes do negócio. “Este novo ‘colaborador’ vai ajudar a empresa a ir para a frente e criar o que tenha que ser criado”, diz.