A Vale (VALE3) deve seguir os passos da mineradora anglo-australiana BHP Billiton e elevar as provisões para custear os estragos provocados pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG) em novembro de 2015.
A avaliação foi divulgada pelos analistas do Itaú BBA na manhã desta quinta-feira (15). Horas antes, a BHP Billiton anunciou que provisionaria mais US$ 3,2 bilhões no balanço referente ao quarto trimestre de 2023.
Com isso, a mineradora anglo-australiana, sócia da Vale na Samarco, deve fechar 2023 com US$ 6,5 bilhões provisionados a título de verbas indenizatórias pela tragédia ambiental, humana e social causada pelo rompimento da barragem de Fundão.
Na avaliação da BHP, o montante deve ser suficiente para cobrir os valores das condenações judiciais e dos termos de ajustamento de conduta referentes à tragédia de Mariana.
Na cotação de hoje, os US$ 6,5 bilhões provisionados pela BHP Billiton equivalem a pouco mais de R$ 32 bilhões.
Vale, BHP e Samarco recorreram de condenação
No fim de janeiro, a justiça federal condenou a Samarco e suas acionistas a pagarem R$ 47,6 bilhões em danos morais e coletivos pelo rompimento da barragem de rejeitos.
As empresas condenadas recorreram.
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Por que a Vale deve provisionar mais dinheiro
Com o aumento do dinheiro provisionado pela BHP em seu balanço, o Itaú BBA acredita que a Vale provavelmente elevará suas provisões em US$ 3,5 bilhões a US$ 3,6 bilhões.
Isso ocorreria para que as duas sócias na Samarco mantenham igual nível de provisões para cobrir os impactos socioambientais e econômicos da tragédia.
Se o provisionamento adicional ocorrer dentro desta estimativa, não será exatamente uma surpresa.
“De acordo com nossas recentes reuniões com o lado comprador, acreditamos que os investidores já estavam esperando provisões adicionais, totalizando entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões”, escreveram os analistas do banco em relatório.
No início da tarde de hoje, VALE3 operava em leve queda, cotada na faixa de R$ 65,50.
A tragédia de Mariana
O rompimento da barragem do Fundão provocou a morte de 19 pessoas e espalhou na natureza 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos.
A lama contaminou toda a bacia do rio Doce a partir de Mariana e avançou por centenas de quilômetros até alcançar a foz, no Espírito Santo.