Após acumular uma desvalorização de quase 10% desde o início da semana, o Itaú Asset Rural Fiagro (RURA11) parece ter tomado fôlego para iniciar o pregão desta quinta-feira (3).
O desempenho negativo nesta semana acompanhou temores sobre a exposição do Fiagro à inadimplência dos certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs) Consentini e Portal Agro.
Atualmente, o Fiagro do Itaú possui em torno de 80 mil cotistas e cerca de R$ 51 milhões investidos no CRA emitido pelo produtor rural João Batista Consentini.
Vale destacar que o produtor conseguiu aval da Justiça de Tocantins para uma proteção judicial de 60 dias contra os credores, em meio a dívidas da ordem de R$ 700 milhões, de acordo com o The AgriBiz.
Já o total investido no Portal Agro é de aproximadamente R$ 20 milhões. Com endividamento de R$ 645 milhões, sendo pelo menos R$ 249 milhões em CRAs, a distribuidora de insumos agrícolas entrou com pedido de recuperação judicial no fim de setembro, na esteira da reestruturação da AgroGalaxy (AGXY3).
No entanto, o tom mais negativo parece ter cedido lugar — ainda que de forma tímida — para leve alta na B3. Por volta das 10h40, as cotas do RURA11 subiam 1,11%, a R$ 9,10. No ano, o Fiagro ainda acumula quedas de 9%.
As preocupações com o Fiagro da Itaú Asset (RURA11)
Numa espécie de “sol depois da tempestade”, a recuperação do Fiagro na B3 acompanha um comunicado enviado à CVM pelo Itaú Asset Rural na noite da última quarta-feira com atualizações sobre os supostos calotes dos CRAs.
Segundo o comunicado, o CRA Consentini já realizou o pagamento da última parcela de juros devida.
Por sua vez, o Portal Agro pagou a parcela de 30 de agosto, correspondente à parcela de juros e principal do CRA, além de realizar um depósito no dia 19 de setembro, referente ao saldo já disponível na Conta Centralizadora e na Conta Escrow da operação, ocorrido após o pedido de recuperação judicial.
“Em que pese (sic) os esforços do gestor para que a inadimplência deste CRAs não ocorra, não há como garantir que não terá a suspensão do fluxo de pagamentos”, afirmou o fundo.
“O gestor e o consultor estão acompanhando estes casos de perto para solucioná-los de forma breve e benéfica para o fundo, não perdendo de vista que ambos os ativos possuem garantias que sobejam o total das dívidas cujo fundo é credor.”
De acordo com o RURA11, os créditos não correspondem a uma parcela relevante da carteira do Fiagro.
Porém, mesmo assim, o fundo aplicou uma provisão para devedores duvidosos (PDD) — isto é, uma reserva de dinheiro para cobrir contas inadimplentes — correspondente a 1,14% do patrimônio líquido do RURA11.
*Com informações de Valor Investe e Money Times.