Sem previsão de trégua no conflito no Oriente Médio e com a continuidade da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, o petróleo tem operado em constante volatilidade — e aumentado a cautela dos investidores sobre o mercado de commodities.
Isso porque o petróleo é um dos termômetros de aversão ao risco em escala global. Nesta quinta-feira (14), o óleo chegou ao maior nível em quatro meses, com alta superior a 2% e barril na casa dos US$ 85.
Os contratos mais líquidos do petróleo Brent para maio — que é referência para o mercado internacional — terminaram o dia com avanço de 1,65%, a US$ 85,42 o barril, na Internacional Exchange (ICE).
Já os futuros do petróleo West Texas Intermediate (WTI) — referência apenas para o mercado dos Estados Unidos — fecharam com alta de 1,93%, a US$ 81,26 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex).
Petróleo sobe por que, afinal?
A forte valorização do petróleo está relacionada às expectativas sobre a produção e a demanda da commodity, de olho no relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), divulgado hoje mais cedo.
O órgão elevou a previsão para a alta da demanda global por petróleo neste ano. Para a AIE, a demanda mundial da commodity aumentará em 1,3 milhão de barris por dia (bpd) em 2024. A estimativa anterior era de 1,2 milhão de bpd.
A revisão foi atribuída à melhora do cenário econômico nos Estados Unidos e ao aumento do uso de estoques do petróleo, em meio a interrupções no fluxo comercial causadas por ataques lançados por rebeldes Houthi do Iêmen a embarcações no Mar Vermelho.
Por outro lado, a organização reduziu a expectativa para a oferta do petróleo de 103,8 milhões de bpd para 102,9 milhões de bpd, na esteira das projeções da Opep+ de corte de 920 mil bpd neste ano.
Ou seja, a expectativa é pelo aumento da demanda e aperto na oferta de petróleo: uma equação simples da lei de oferta e demanda em que o resultado é, tradicionalmente, o aumento dos preços pelo produto, no caso, do óleo bruto.
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Mas não é só isso…
Além do relatório da AIE, os contratos futuros do petróleo estendem os ganhos das sessões anteriores.
No primeiro trimestre, a AIE prevê que a demanda global por petróleo aumentará 1,7 milhão de bpd na comparação com o último trimestre do ano passado, enquanto a produção cairá 870 mil bpd no mesmo período.
Ou seja, há também um resquício do otimismo da véspera, com ataques a refinarias russas e queda nos estoques da commodity nos Estados Unidos, e o relatório da última reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
No relatório mensal, a Opep manteve a previsão de alta na demanda global de 2,2 milhões de barris por dia (bpd) em 2024.
Para 2025, o cartel também reiterou sua projeção para a demanda mundial de acréscimo de 1,8 milhão de bpd.
Reação no Ibovespa
Apesar da forte alta do petróleo no mercado internacional, o Ibovespa não sente os benefícios da valorização da commodity — isso porque o ambiente local tem pesado mais sobre as ações do setor.
Há a cautela sobre ingerências políticas na Petrobras (PETR4;PETR4): seja pelo anúncio de não pagamentos de dividendos referentes ao quatro trimestre de 2023 aos acionistas, seja pela indicação de um representante do Ministério da Fazenda a uma cadeira no conselho da estatal.
Também, rumores dão conta de uma eventual fusão entre 3R Petroleum (RRRP3) e PetroReconcavo (RECV3), e o mercado tenta calcular quais seriam as potenciais sinergias entre as empresas.
Os balanços e relatórios de produção das companhias divulgados nos últimos dias também estão no radar.
Confira o desempenho das petroleiras negociadas no principal índice da B3, o Ibovespa:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
RECV3 | PetroReconcavo ON | R$ 21,59 | -4,04% |
PETR3 | Petrobras ON | R$ 36,72 | -0,76% |
RRRP3 | 3R Petroleum ON | R$ 29,44 | -0,74% |
PRIO3 | PRIO ON | R$ 48,76 | -0,33% |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 36,29 | -0,25% |
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*Com informações de CNBC, Reuters e Dow Jones