Sob o temor de que o presidente Lula teria decidido trocar o presidente do conselho da Petrobras (PETR4), a fim de aumentar o poder do Partido dos Trabalhadores (PT) na empresa, as ações da petroleira reagiram em queda na tarde desta quarta-feira (4).
Por volta das 15h35, as ações ordinárias PETR3 caíam 1,15%, a R$ 42,26. No fechamento, a queda foi de 0,96%, a R$ 42,37.
Já as preferenciais PETR4 operavam em queda de 0,94%, negociadas a R$ 39,06. No fechamento, a queda foi de 0,63%, a R$ 39,25.
Com os rumores pressionando as ações da estatal na bolsa, o Ibovespa também reduziu os ganhos durante a tarde. Às 16h36, o principal índice da bolsa brasileira subia 0,1%, aos 126.155,49 pontos. No início da tarde, o índice subia 0,24%, aos 126.437,35 pontos. Às 17h, o Ibov chegou à cotação mínima do dia, com queda de -0,19%, 125.894,21 pontos. O índice fechou em queda de 0,04%, aos 126.087,02 pontos.
A possível saída de Pietro Mendes reacendeu as preocupações do mercado com a interferência política na companhia. Segundo a colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, o presidente do conselho de administração da Petrobras deixará a companhia e será indicado à diretoria da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Petrobras: Bruno Moretti seria o novo indicado
Para substituí-lo no comando do conselho da Petrobras, a Casa Civil teria obtido a aprovação de Lula para nomear Bruno Moretti, que é conselheiro da estatal e ocupa atualmente o cargo de secretário de Análise Governamental no ministério de Rui Costa.
Para a vaga que será aberta no conselho com a eventual saída de Bruno, o governo vai indicar o advogado Benjamin Alves Rabello, marido de uma prima distante do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Interferências do governo geram ruídos no mercado
Com a saída de Pietro Mendes, o PT ampliaria influência na Petrobras, já que Moretti é ligado ao partido do presidente. Também são indicações do PT a própria CEO, Magda Chambriard, e Rafael Dubeux, secretário-executivo adjunto no Ministério da Fazenda.
Desde a posse de Lula, o mercado tem reagido mal às tentativas de interferência do governo nas estatais brasileiras, especialmente Petrobras e Vale (VALE3).
Vale relembrar que, desde o ano passado até a indicação de Gustavo Pimenta como novo CEO, o processo de sucessão de Eduardo Bartolomeo foi marcado pela queda de braço do governo na tentativa de emplacar o ex-ministro Guido Mantega no comando da mineradora, o que provocou mal estar no mercado e pressionou as ações da companhia na bolsa.
No caso da Petrobras, a indicação de Magda Chambriard pelo presidente Lula para substituir Jean Paul Prates na presidência da companhia logo após uma demissão repentina também deixou o mercado apreensivo com a interferência política na estatal.