O investidor estava mal acostumado, afinal, o Ibovespa vinha de uma sequência de 11 altas em 12 sessões e dólar, em muitas delas, operou em queda. Mas nesta quinta-feira (22), véspera do discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, a bolsa e o câmbio inverteram a tendência.
Enquanto o Ibovespa deu ré e renovou uma série de mínimas intradiárias testando nesta tarde níveis abaixo dos 135 mil pontos, o dólar seguiu em escalada, beirando em R$ 5,60 na máxima do dia.
No fechamento de hoje, o Ibovespa caiu 0,95%, 135.173,39 pontos, enquanto o dólar à vista subiu 0,10%, a R$ 5,5904. No pico, a moeda norte-americana bateu em R$ 5,5955.
Entre as ações, a Embraer (EMBR3) se destacou, e encerrou o dia liderando os ganhos do Ibovespa, com alta de 2,15%. Os papéis da fabricante de aeronaves tendem a se favorecer com o dólar em alta.
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O que mexe com a bolsa e o dólar hoje
O real está sendo pressionado por conta da valorização externa do dólar e também dos yields (rendimentos) dos títulos do Tesouro dos EUA.
A moeda norte-americana e os Treasurys ganharam força, após a divulgação do índice de gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês) dos EUA.
O PMI composto, que engloba os setores industrial e de serviços, caiu de 54,3 em julho para 54,1 em agosto, atingindo o menor nível em quatro meses, segundo dados preliminares da S&P Global. O resultado, porém, veio levemente acima da projeção de analistas consultados pela FactSet, de queda para 54.
Após o dado, o T-note de 2 anos renovou máxima intradiária, subindo a 3,982%, enquanto o de 10 anos avançava a 3,837% e o 30 anos tinha alta de 4,109%.
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A espera por Powell
Powell participa na sexta-feira (23) do Simpósio de Jackson Hole, um dos principais eventos de política monetária do mundo.
A expectativa é de que o chefão do Fed sinalize com mais clareza o corte de juros em setembro. Na quarta-feira (21), a ata da reunião de julho mostrou que os membros do comitê de política monetária estão prontos para apoiar a redução da taxa no mês que vem.
Enquanto esperam por Powell, os investidores refazem posições cambiais defensivas, de acordo com analistas.
Os investidores também esperam sinais da política monetária brasileira em meio a expectativas de um aumento da Selic em setembro.
Participando dois eventos hoje, o diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que não há qualquer tipo de modulação ou gradação em suas declarações recentes, e que gostaria de reafirmar posicionamentos feitos ao longo desta e da última semana.
Galípolo voltou a dizer que "o BC não vai hesitar em subir juro se necessário".
Segundo ele, a situação difícil para o Comitê de Política Monetária (Copom) não é ser obrigado a subir juro e sim "ter inflação acima da meta com expectativa desancorando".
Confira tudo o que Galípolo falou sobre os juros na Fenabrave e da FGV hoje.