Após liderarem os ganhos do Ibovespa na última sexta-feira (13), as ações do Pão de Açúcar (PCAR3) voltaram a atrair os holofotes no pregão de hoje diante de potenciais movimentações do empresário Nelson Tanure em direção a uma eventual fusão com a rede de supermercados Grupo Dia.
Os papéis encerraram a sessão com alta de 15,61%, negociados a R$ 2,74*. Nas máximas do dia, no entanto, chegaram a saltar mais de 20% na B3.
Apesar da escalada de hoje, a varejista ainda acumula queda de cerca de 33% na bolsa desde janeiro, atualmente avaliada em aproximadamente R$ 1,3 bilhão.
O salto do GPA na bolsa brasileira acontece logo após a Reag Trust, gestora de fundos supostamente ligada a Tanure, elevar a participação na empresa.
Segundo carta enviada à companhia, os fundos da Reag atingiram 5,69% de participação no Pão de Açúcar. Se considerados os instrumentos financeiros derivativos detidos pela gestora, com exposição equivalente a 3,87% do total de ações PCAR3, a fatia chegaria a 9,56%.
De acordo com o documento, a Reag não tem a intenção de participar nas próximas decisões de eleição do conselho de administração e da diretoria do Pão de Açúcar.
Acontece que Tanure é conhecido por desempenhar uma gestão ativa nas companhias nas quais é acionista. Em seu rol de participações, figuram desde casos de sucesso empresarial como o turnaround na Prio (PRIO3), como também questões mais controversas, como a disputa societária na Gafisa (GFSA3) e uma suposta posição relevante na Ambipar (AMBP3).
As expectativas com o Pão de Açúcar (PCAR3)
A montagem de participação da Reag no Grupo Pão de Açúcar acontece dias após rumores sobre uma potencial combinação de negócios com a rede de supermercados Grupo Dia, em recuperação judicial desde março, tomarem destaque nos noticiários financeiros locais.
A animosidade quanto a uma eventual fusão do Pão de Açúcar (PCAR3) com o Grupo Dia tomou força após notícias de que Tanure estaria considerando criar uma nova “corporation” (sociedade sem acionista controlador ou um único dono) do varejo alimentar.
De acordo com a Folha de S.Paulo, o empresário assumiu o controle da rede de supermercados recentemente, por meio do fundo de investimento multimercado Arila, detentor do fundo Lyra II, atual controlador da rede.
Vale lembrar que, no fim de maio, o Grupo Dia fez um acordo para a venda de 100% do capital no Brasil. Na prática, o grupo espanhol “pagou” para deixar a operação, já que se comprometeu a fazer um aporte de 39 milhões de euros (R$ 247 milhões, no câmbio de hoje) no Dia Brasil.
Na época, o nome do comprador final não foi divulgado. Porém, o negócio foi viabilizado pela MAM Asset Management, gestora que faz parte do Banco Master — que supostamente tem ligação com Tanure — e estruturou um fundo para a operação.
No entanto, segundo o Valor Econômico, atualmente não há nenhuma negociação concreta em andamento entre o GPA e Tanure sobre uma fusão, já que o foco do Grupo Dia hoje é colocar a casa em ordem e encerrar o processo de negociação de dívidas com credores.
A expectativa é que o fim da reestruturação de dívidas da rede de supermercados aconteça até o final de 2025.
Procurada pelo Seu Dinheiro, a assessoria de imprensa do GPA afirmou que não comentará sobre o assunto.
*Com informações do Money Times e do Valor Econômico.
**Matéria atualizada às 18h24 para atualizar as cotações de fechamento das ações.