Os estragos causados pelos incêndios que atingiram regiões do Estado de São Paulo no último final de semana já indicavam que São Martinho (SMTO3) e Raízen (RAIZ4) teriam um certo trabalho pela frente para minimizar os impactos em suas produções.
No entanto, depois de contabilizado o prejuízo, as ações das empresas abriram em queda nesta terça-feira (27). Por volta das 15h, os papéis caíam 2,60%, a R$ 29,52. A empresa do setor sucroenergético terminou o dia como a maior queda do Ibovespa, fechando em -3,49%, a R$ 29,34.
Enquanto isso, o principal índice da bolsa brasileira chegou a passar dos 137 mil pontos no pico da sessão. Por volta das 15h, seguia perto da estabilidade, em alta de 0,03%, aos 136.923,22 pontos. No fechamento do mercado, a bolsa encerrou com queda de 0,08%, aos 136.775,91 pontos.
A Raízen fechou em queda de 0,61%, com a ação sendo negociada a R$ 3,28.
A reação negativa acompanha os comunicados divulgados por ambas empresas sobre os impactos das queimadas, que atingiram canaviais e áreas de produção de fornecedores.
São Martinho (SMTO3) vai gastar R$ 70 milhões para compensar estragos
Em comunicado divulgado ontem ao mercado, a São Martinho informou que, entre quinta-feira (22) e domingo (25), aproximadamente 20 mil hectares de cana-de-açúcar da companhia foram atingidos pelos incêndios generalizados que afetaram o setor.
A empresa deixará de produzir 110 mil toneladas de açúcar. Redução esta que, segundo a São Martinho, será compensada por um aumento proporcional na produção de etanol.
Para preservar a produtividade nas safras seguintes, a companhia anunciou R$ 70 milhões em investimentos complementares ao guidance de investimento na Safra 2024/2025.
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Raízen (RAIZ4): Incêndios atingem 1,8 milhão de toneladas
No último sábado (24), a Raízen já havia confirmado que suas áreas de produção foram atingidas, ressaltando que a brigada de incêndio da empresa estava mobilizada no combate aos focos, com o apoio de aeronaves e a colaboração do Corpo de Bombeiros.
Na noite de ontem, a companhia anunciou que 1,8 milhão de toneladas de cana-de-açúcar própria e de fornecedores foram atingidas pelos incêndios no estado. O valor representa 2% do total previsto na safra 2024/2025, com base no piso da premissa de moagem total.
Para mitigar os danos, a companhia informou que está priorizando a moagem a moagem da cana-de-açúcar afetada. “Com essa medida, esperamos que as perdas e impactos em nossos resultados sejam imateriais”, disse a empresa, em fato relevante ao mercado.
No comunicado, a Raízen afirmou que não realiza a queima de cana e segue o Protocolo Agroambiental - Etanol Mais Verde, assinado com o governo de São Paulo em 2017.
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Impacto será pequeno no setor, mas não imaterial
De acordo com um relatório divulgado pelo JP Morgan, a estimativa é de que mais de 60 mil hectares de área plantada foram afetados em São Paulo. No entanto, esse número deve aumentar à medida que mais empresas impactadas divulgarem suas estimativas.
Entretanto, o banco destaca que mesmo a produção de cana-de-açúcar atingida pode ser aproveitada para a produção de etanol, o que deve ajudar a mitigar os prejuízos.
Já os impactos financeiros nas produções da São Martinho e Raízen devem ser parcialmente compensados por "preços mais fortes", já que a perda de oferta será refletida com alta nos preços do etanol e do açúcar.