"No Brasil, verificam-se os maiores dramas do presidencialismo”: essa é a visão de Michel Temer, que chefiou o Executivo brasileiro entre o segundo semestre de 2016 e 2018, sobre o sistema de governo atual.
Temer reconheceu nesta quinta-feira (30) — durante a participação da 73ª edição do Market Makers, produzida em parceria com a Empiricus — que o plano econômico do atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está “começando a caminhar”, com o Congresso dando apoio a determinados temas econômicos.
Mas o político defende uma mudança para o semipresidencialismo, modelo de governo que não é nem o atual presidencialismo ou o parlamentarismo — no qual o poder Legislativo está no centro —, mas que combina características de ambos, como os sistemas português ou francês.
“O legislativo teria poder administrativo, o executivo participaria do processo com direito a veto e sanção e só haveria governo quando se formasse uma maioria parlamentar. Quando essa maioria cai, outra maioria se forma e outro governo se instala, então acabamos com o trauma do impedimento”, declarou ele durante a transmissão que faz parte das comemorações dos 14 anos da Empiricus. Confira a entrevista completa:
Vale destacar que Temer foi alçado à chefia do Executivo justamente após o impeachment de Dilma Rousseff, de quem era vice-presidente. “Quem governa é o Executivo junto com o Legislativo. Quem não teve apoio do Congresso, caiu”, disse ele, que garante não ter mágoas por ter sido considerado um presidente “impopular”.
“Cada presidente, no seu momento histórico, fez uma coisa positiva para o país”, destacou, citando como exemplos de seu governo a Reforma Trabalhista e a Lei das Estatais — criada para proteger as empresas públicas de interferências políticas na condução dos negócios.
Ainda assim, o ex-presidente argumentou que destituições como a que o levou à presidência criam inseguranças que atrapalham o cenário interno e também a imagem do país no exterior, essencial para atrair investimentos.
“Tivemos dois impedimentos desde a adoção do presidencialismo. Se levantarmos os pedidos apenas durante o governo Bolsonaro, houve cerca de 160, o que gera insegurança", relembrou.