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Eleições na Argentina: De ‘Bolsonaro’ a governista, conheça os candidatos que enfrentarão a disputa mais acirrada em mais de 20 anos no país vizinho

Bandeira da Argentina

Bandeira da Argentina

Uma inflação de três dígitos, uma faca do Fundo Monetário Internacional (FMI) no pescoço e uma profunda crise social. Esses são apenas alguns aspectos do pano de fundo que compõe as eleições deste ano na Argentina.

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O país vai às urnas para as chamadas Primárias Internas Simultâneas e Obrigatórias (Paso, na sigla em espanhol), uma prévia da eleição oficial realizada por cada um dos partidos participantes.

Apesar de o primeiro turno do pleito só acontecer em 22 de outubro, as Paso são consideradas um termômetro da popularidade dos candidatos. 

E o xadrez político e de narrativas repete em alguma medida o que foi a eleição brasileira de 2022. A polarização e os discursos antissistema — assim como a solução milagrosa para o problema econômico — estão no centro do debate.

Mas qual é o cenário que precede a eleição argentina?

O atual presidente, o peronista Alberto Fernández, desistiu da busca pela reeleição após as taxas de desaprovação a seu governo oscilarem entre 75% e 85%.

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A impopularidade de Fernández é resultado da deterioração econômica no país que começou no ano de sua eleição.

Recapitulando, seu antecessor, Mauricio Macri, contraiu uma dívida com o FMI em 2018, no valor de US$ 57 bilhões.

Ao longo dos últimos quatro anos, as parcelas do empréstimos vinham sendo pagas, ainda que alguns membros do governo, como a atual vice-presidente, Cristina Kirchner, defendessem o calote ao fundo.

Mas a pior seca na lavoura argentina em um século e os efeitos da pandemia de covid-19 fizeram com que a frágil economia argentina entrasse em colapso: a inflação acumula alta de 115,6% em 12 meses, as reservas internacionais minguaram e a população de pobres e miseráveis é de mais de 51%.

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Será o comando dessa Argentina que os candidatos a seguir irão disputar nas prévias de 13 de agosto. Confira um pequeno perfil de cada um:

Patricia Bullrich, “la dama de hierro”

Dando largada na lista de candidatos “contra o status quo”, Bullrich ganhou simpatia de economistas por declarações de que, se eleita, faria um novo acordo com o FMI. Ela também prometeu dar mais liberdade às oscilações do dólar, que hoje tem 19 cotações diferentes.

Por ter sido ministra de Segurança Pública durante o governo Macri, Bullrich tem uma linha mais conservadora no combate às drogas e à violência, o que tende a afastar parte do eleitorado — ela foi, inclusive, chamada de “dama de ferro argentina”, em alusão a Margaret Thatcher, ex-primeira ministra britânica.

Horacio Rodríguez Larreta, o político

Prefeito da capital argentina desde 2015, Larreta é outro político com fortes ligações com Macri, o que tende a chamar a atenção do eleitorado mais velho e de renda mais alta.

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Mais moderado do que os outros dois candidatos de direita, ele é considerado a cara do pragmatismo e da classe política argentina — o que pode ser benéfico por um lado, mas não emociona as multidões. 

A figura conciliadora de Larreta também é uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que mantém diálogo com peronistas (esquerda) e foi elogiado pelo combate à pandemia, seu foco na iniciativa privada o afasta dos extremos. Nas palavras dele: “se os argentinos querem um candidato extremista, eu não serei esse candidato.”

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Sergio Massa, o homem do governo da Argentina

A linha política de esquerda perdeu espaço com a saída de Alberto Fernández, porém seu potencial sucessor — mais moderado — é um dos nomes fortes dessa ala. 

Massa assumiu o cargo de ministro da Economia em julho de 2022, já com a crise instaurada no país. Um dos objetivos de Fernandéz era trazer mais credibilidade à sua administração, indicando Massa ao posto. 

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Algumas vitórias relevantes de Massa à frente do ministério — como as constantes negociações com o FMI e a intensificação do uso do yuan, a moeda chinesa, no comércio internacional — podem lhe garantir algum fôlego na corrida presidencial. Porém, a imagem do governo contamina voos mais altos.

Já no campo político, assim como Horácio Larreta, ele tem trânsito tanto com a direita como com a esquerda. Naturalmente, em uma eleição polarizada, vozes moderadas tendem a perder espaço.

Javier Milei, o outsider

Por último, mas não menos importante, o “outsider dos outsiders”. Javier Milei é fruto da onda de políticos de extrema-direita que avançou pela América Latina na tentativa de emular o ex-presidente norte-americano Donald Trump.

Milei também é chamado de “Bolsonaro argentino” por seus posicionamentos contra o que ele chama de “casta política e seus privilégios”.

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Seu discurso inflamado contra a classe política, tanto de direita como de esquerda, bem como seu posicionamento como outsider garantiram a ele ascensão meteórica nas pesquisas presidenciais. Vale lembrar que Milei foi eleito como deputado em 2021. 

Em meio a uma Argentina em crise, falas como liberação do porte de armas, dolarização da economia e privatizações ganharam espaço. Sua constante crítica aos movimentos sociais, ao feminismo e as posições duras contra o peronismo — que, vale lembrar, é presente tanto na política atual quanto no imaginário popular — pesam contra sua candidatura. 

A própria frente de caráter liberal e libertária de Milei está dividida quanto a sua candidatura. O deputado também é queridinho dos investidores em criptomoedas, especialmente por suas declarações a favor do bitcoin (BTC).

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