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Como o calote de uma gestora na China reacende a crise e alimenta temores contágio no sistema financeiro

Bandeira da China com gráfico ao fundo

Bandeira da China com gráfico ao fundo

As dificuldades que as incorporadoras da China estão enfrentando — a exemplo da Evergrande — podem extrapolar o setor imobiliário e contaminar todo o sistema financeiro do país — o que deixa o mundo de orelha em pé, afinal, a crise de 2008 deixou marcas profundas na economia global. 

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A bola da vez é a Zhongrong International Trust Co, uma das principais empresas fiduciárias da China, que deixou de honrar alguns pagamentos. O problema é que a companhia administra 785,7 bilhões de yuans (US$ 107,69 bilhões) em ativos, de acordo com dados do final de 2022.

Além disso, a Zhongrong é controlada pelo conglomerado financeiro chinês Zhongzhi Enterprise Group, que tem uma exposição imobiliária considerável. 

Com o atraso dos pagamentos, o estresse no setor financeiro chinês aumentou e se juntou ao agravamento da crise imobiliária do país.

Uma bola de neve chinesa

A falta de pagamentos levou centenas de investidores a bombardear as empresas listadas em Xangai e Shenzhen com perguntas sobre sua exposição à Zhongrong. 

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Na quarta-feira (16), um investidor perguntou à New China Life Insurance Company — listada em Xangai e que possuía 14 bilhões de yuans (US$ 1,92 bilhão) em produtos da Zhongrong no final do ano passado — se havia risco de os pagamentos não serem honrados. A empresa não respondeu.

A KBC Corp, depois de divulgar que tinha 60 milhões de yuans em produtos fiduciários maduros não pagos de Zhongrong, disse a investidores que outros produtos de gestão de patrimônio que a empresa comprou eram todos de baixo risco de bancos e corretoras.

Os investidores também perguntaram a dezenas de outras empresas listadas, incluindo Bescient Technology Co, Shanghai New Vision Microelectronics Co, Nanhua Instruments Co e Jiangsu Azure Corpse mantinham investimentos em produtos relacionados a Zhongrong ou a Zhongzhi.

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China: mais problemas à vista

Depois de a Evergrande acionar o Chapter 15 em Nova York, o governo chinês entrou em estado de alerta — não é para menos, a segunda maior empresa do setor imobiliário da China em vendas entrou com um pedido de proteção de falências nos EUA. 

Não bastasse isso, a Country Garden — uma das maiores incorporadoras da China e uma das maiores construtoras residenciais do mundo — também está com problemas. A empresa não honrou compromissos financeiros no valor de US$  22,5 milhões no último dia 6 de agosto. 

Agora, a Country Garden tem até o início de setembro para fazer os pagamentos ou seguir centenas de outras incorporadoras em moratórias e reestruturações. A negociação de seus títulos, que valem apenas alguns centavos de dólar, foi interrompida em 14 de agosto.

O governo chinês observa a situação da Country Garden de perto. As dívidas da empresa são menores do que as da Evergrande, mas, no início do ano, a Country Garden estava construindo quatro vezes mais casas do que a Evergrande antes de entrar em default. 

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De acordo com cálculos da The Economist, no ritmo que a Country Garden estava entregando no primeiro semestre de 2022, pelo menos 144.000 compradores não receberão os imóveis prometidos até o final deste ano — um colapso súbito  da dívida na empresa deixaria ainda mais famílias desamparadas. 

A Evergrande

A Evergrande, que já foi a segunda maior incorporadora imobiliária do país, entrou com pedido de falência em Nova York na quinta-feira (17).

A empresa tomou muitos empréstimos e deixou de pagar sua dívida em 2021, provocando uma enorme crise imobiliária na economia da China, que continua a sentir os efeitos.

A Evergrande entrou com pedido de proteção contra falência via Chapter 15, que permite que um tribunal de falências dos EUA intervenha quando um caso de insolvência envolve outro país. 

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O Chapter 15 foi criado para promover a cooperação entre os tribunais dos EUA, devedores e tribunais de outros países envolvidos em processos de falência.

O tamanho do problema na China

O setor imobiliário da China há muito é visto como um motor de crescimento da segunda maior economia do mundo e representa até 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. 

A inadimplência da Evergrande em 2021 causou ondas de choque nos mercados imobiliários da China, prejudicando os proprietários e o sistema financeiro mais amplo do país.

O default ocorreu depois que Pequim começou a reprimir os empréstimos excessivos de incorporadoras em uma tentativa de conter o aumento dos preços das moradias.

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Desde o colapso da Evergrande, vários outros grandes desenvolvedores na China — Kasia, Fantasia e Shimao Group — deixaram de pagar suas dívidas. E esses problemas estão sendo amplificados por uma desaceleração econômica geral chinesa. 

*Com informações da The Economist, da CNN e da Reuters

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