Dessa vez não foi uma reunião de emergência. A reunião do Banco Central da Rússia estava programada — o que não tinha sido combinado com os russos era o calibre do aperto monetário e o recado que a autoridade monetária mandou para o presidente Vladimir Putin.
Nesta sexta-feira (27), o banco central da Rússia elevou a taxa básica de juros em 2 pontos percentuais (pp) acima do esperado, para 15%. O rublo atingiu máximas em mais de seis semanas em relação ao dólar após a decisão.
Essa é a quarta vez seguida que a autoridade monetária eleva os custos dos empréstimos em resposta a um rublo fraco e à persistente pressão inflacionária.
Desde julho, o BC russo aumentou os juros em 7,50 pp, incluindo uma alta em uma reunião de emergência em agosto, quando o câmbio despencou para mais de 100 rublos por dólar e o Kremlin apelou por uma política monetária mais restritiva.
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O recado para Putin
Na decisão de hoje, o BC russo fala das pressões inflacionárias e manda um recado para Putin.
O comunicado diz que as atuais pressões inflacionistas aumentaram significativamente para um nível acima das expectativas do Banco da Rússia, apontando para a procura interna que ultrapassa o fornecimento de bens e serviços e para o elevado crescimento dos empréstimos.
Só que a autoridade monetária também chama atenção para o aumento dos gastos do governo, à medida que a Rússia investe recursos fiscais no setor da defesa e aumenta a produção de equipamentos militares para manter ativa a máquina de guerra na Ucrânia.
“Os parâmetros atualizados da política fiscal de médio prazo pressupõem um declínio mais lento do que o esperado no estímulo fiscal nos próximos anos”, afirmou o BC.
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A inflação vai continuar alta
O alerta sobre o uso de recursos fiscais na guerra de Putin contra a Ucrânia tem razão.
Nesta sexta-feira, o BC russo reconheceu pela primeira vez que poderá não conseguir fazer com que a inflação regresse para a meta de 4% no próximo ano.
A autoridade monetária passou a prever uma inflação entre 4% a 4,5% em 2024.
O banco central projetou no início deste ano que a inflação iria variar entre 7% e 7,5% em 2023.
Antes disso, havia previsto uma inflação no final do ano entre 6% e 7%. A inflação anual chegou a 6,38% em 16 de outubro.