O controverso resgate do Credit Suisse pelo rival UBS, numa aquisição orquestrada por autoridades suíças, gerou insatisfação entre centenas de acionistas minoritários - incluindo ex-funcionários do Credit -, que agora querem levar o banco comprador à Justiça. As informações são do jornal Financial Times.
A Associação de Proteção ao Investidor Suíço, que representa investidores pessoas físicas, planeja entrar com uma ação judicial contra o UBS nesta segunda-feira (14) em nome de 500 acionistas minoritários do Credit Suisse que tiveram fortes prejuízos quando o banco foi resgatado pelo concorrente, em março.
Na ocasião, os acionistas dos dois bancos tiveram negado o seu direito de votar para aprovar ou rejeitar a transação. E o UBS levou o Credit Suisse com um formidável desconto: os 3 bilhões de francos suíços que pagou para fechar o negócio (cerca de US$ 3,4 bilhões) correspondiam à metade do valor de mercado da instituição adquirida e a apenas uma fração do seu valor patrimonial.
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O Credit Suisse vinha em crise há anos, mas a quebra de três bancos americanos de médio porte no início deste ano precipitaram a derrocada da instituição, que também relatou ter encontrado "fragilidades materiais" nos balanços de 2021 e 2022. O acordo com o UBS foi rapidamente costurado pelo banco central da Suíça em apenas um fim de semana.
Esta é a segunda ação movida por acionistas do Credit Suisse contra o UBS, que se somam ainda a diversos processos movidos por debenturistas que tomaram calote.
Arik Röschke, secretário-geral da Associação de Proteção ao Investidor Suíço, acredita que o UBS tinha um incentivo para buscar um acordo neste caso.
Segundo ele, caso o juiz decida em favor dos minoritários, o banco suíço pode ser obrigado a compensar todos os acionistas, o que lhe custaria bilhões de dólares. Caso entrasse em um acordo judicial, por outro lado, possivelmente só teria que ressarcir os acionistas que entraram com a ação.
Ex-funcionários do Credit Suisse perderam praticamente tudo
Embora a maioria dos reclamantes seja suíça, há também investidores do Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Áustria, Tailândia e Dubai. Muitos deles são ex-funcionários do Credit Suisse que recebiam parte da sua remuneração em ações.
"Alguns deles trabalharam no Credit Suisse por 30 anos e parte do seu pagamento era em ações", disse o secretário-geral da Associação de Proteção ao Investidor Suíço, Arik Röschke, ao Financial Times.
Ele conta que ex-colaboradores detinham papéis que valiam mais de 80 francos suíços cada há cerca de 15 anos, mas receberam apenas 0,76 franco suíço por ação no resgate do banco, uma perda de mais de 99%.
"Essas pessoas ficaram na companhia e agora perderam tudo. É triste que esses acionistas tenham sido punidos por sua lealdade", acrescenta.
O UBS declinou de comentar o caso ao FT.
*Com informações do Financial Times.