Não é comum ouvir executivos, ainda mais de companhias abertas, fazerem comentários sobre empresas do mesmo ramo. No máximo, um apontamento ou outro, mas raramente uma alfinetada pública. Não foi o caso de Sérgio Leite, CFO da Petrobras (PETR3;PETR4): segundo o Brazil Journal, o diretor da estatal disse que as ações da Vibra (VBBR3) estão “caras”.
Por si só, o comentário já seria encarado como uma indelicadeza. Entretanto, Leite continuou: “a ação tá a quanto hoje? R$ 8,00? Então, acima de R$ 1,00 está cara. Pode botar isso aí”.
No pregão desta quinta-feira (10), os papéis VBBR3 encerraram negociados a R$ 16,42, uma queda de 2,67% após a abertura.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Petrobras, que não se posicionou sobre os comentários feitos pelo executivo até a conclusão desta reportagem.
As falas de Leite foram ditas durante uma reunião online com analistas nesta quinta-feira (10), diz o Brazil Journal. Além dos comentários feitos sobre a Vibra, o executivo ainda afirmou que não há interesse da Petrobras em estatizar ou vender sua fatia de participação na Braskem (BRKM5).
Como resultado, as ações da Braskem figuram entre as maiores altas do dia, uma valorização de 6,84%, encerrando o pregão a R$ 24,99.
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Petrobras e Braskem: um xadrez corporativo
Em meio às discussões sobre a venda da fatia da Novonor (ex-Odebrecht) na Braskem, a Petrobras solicitou acesso ao virtual data room da petroquímica em julho deste ano, iniciando assim o processo de due diligence.
Em outras palavras, a estatal estava olhando mais de perto para a situação financeira e jurídica da empresa — um processo fundamental para fusões ou aquisições.
A petroleira brasileira, entretanto, destaca que "não houve qualquer decisão da diretoria executiva ou do conselho de administração em relação ao processo de desinvestimento ou de aumento de participação na Braskem".
Em nota enviada hoje à imprensa, a Petrobras reiterou que “está desenvolvendo análises para definição da melhor alternativa de execução de sua estratégia no setor petroquímico no âmbito do seu Planejamento Estratégico".
E continua: “nesse sentido, a companhia esclarece que decisões sobre aquisições e desinvestimentos são pautadas em análises criteriosas e estudos técnicos, em observância às práticas de governança e os procedimentos internos aplicáveis”.
A história da Vibra
A antiga BR Distribuidora era subsidiária da Petrobras, mas foi privatizada em 2021, quando também foi rebatizada como Vibra.
Em novembro daquele ano, a estatal recebeu aval para a venda da participação remanescente de 37,5% no capital social da distribuidora de combustíveis, atualmente avaliada em R$ 18,81 bilhões, segundo dados do Trademap.