O Santander Brasil (SANB11) entrou 2023 com uma recomendação de venda pelo BTG Pactual — afinal, não fazia sentido para o banco de investimentos ter em carteira uma ação cara, com margem pressionada pela Selic alta e uma queda brutal no retorno sobre o patrimônio (ROE).
De lá para cá, o cenário mudou. A taxa de juros começou a cair, o Santander implementou mais medidas de precaução em relação ao crescimento do crédito e à seletividade dos clientes e o desconto em relação ao Itaú diminuiu — no início do ano, o prêmio P/E (relação entre o preço e o lucro por ação) estava em 25% sobre ITUB4.
A melhora fez com que o BTG deixasse de recomendar a venda de SANB11 e adotasse uma indicação neutra para o papel e manteve o preço-alvo em R$ 28 — o que representa um potencial de valorização de 4,5% em relação ao último fechamento.
A mudança na recomendação ocorre um dia depois de o Itaú BBA fazer o mesmo. Com a diferença que analistas do BTG decidiram manter a indicação neutra para o Bradesco (BBDC4).
“Acreditamos ainda que há mais chances de recuperação um pouco mais rápida do Santander — o que ainda não vemos no Bradesco, por exemplo”, diz o BTG em relatório.
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Mais sinais de melhora estão por vir
O BTG acredita ainda que mais sinais de melhora estão por vir — e devem aparecer nos resultados do terceiro trimestre do Santander.
O banco acelerou a produção/originação de novos cartões de crédito, o que é um importante indicador de que o seu apetite pelo risco está a melhorar, segundo o BTG.
“À medida que a carteira de empréstimos começa a acelerar — especialmente em empréstimos de maior risco/margens mais elevadas —, poderemos começar a ver uma melhor dinâmica do NII [margem financeira] no próximo ano”, diz o BTG em relatório.
Além disso, o BTG diz que as métricas de qualidade dos ativos, que estiveram sob muita pressão em 2022, devem apresentar sinais de melhora no terceiro trimestre.
Santander é o preferido do BTG?
Apesar da melhora de cenário e performance do Santander, o banco não está entre os preferidos o BTG.
Itaú (ITUB4) e do Banco do Brasil (BBAS3) levam o selo de queridinhos do BTG quando o assunto é setor bancário brasileiro na comparação com o Bradesco e o Santander.
“Embora uma recuperação cíclica deva ocorrer em 2024, continuamos a acreditar que as melhorias no ROE [retorno sobre patrimônio] do Bradesco serão mais graduais do que o consenso parece prever, o que poderá ser frustrante para muitos investidores”, diz o BTG em relatório, acrescentando que tem mais confiança na recuperação do Santander.