O varejo tem sido um dos setores que mais tem sofrido na bolsa brasileira este ano e as Lojas Renner (LREN3) não são uma exceção, com as ações da rede de vestuário acumulando perdas de mais de 35% em 2023.
Mas o que esperar daqui para frente? Para a analista de varejo do Banco do Brasil, o papel ainda tem potencial para se recuperar ao longo do ano que vem e anular as perdas vistas até agora.
O banco definiu um novo preço-alvo para a ação, de R$ 16,80 em 2024. O preço é mais baixo em relação ao preço-alvo anterior, de R$ 26,00, mas ainda representa potencial de alta de 34% (considerando o preço do fechamento de hoje).
Nesta terça-feira (3), as ações da companhia fecharam em queda de 2,49%, a R$ 12,53, acompanhando a queda de outras varejistas.
A recomendação para as ações foi mantida em neutra pelo banco.
Quais os fatores positivos e negativos para a Renner?
O novo preço-alvo considera fatores como uma previsão de melhora gradual das vendas ao longo dos próximos trimestres, acompanhando o ciclo de queda da taxa de juros e uma redução da inadimplência da pessoa física.
Além disso, é esperado um crescimento de margens de lucro da Renner em decorrência das economias trazidas pelo novo centro de distribuição em Cabreúva, no interior de São Paulo.
Porém, a analista do Banco do Brasil acredita que o cenário competitivo deve seguir trazendo riscos para as varejistas de vestuário brasileiras.
Isso porque a competição com plataformas asiáticas deve continuar e segue em vigor o Remessa Conforme – programa do governo federal que zerou a alíquota de importação de bens adquiridos por meio de empresa de comércio eletrônico que participe do programa.
“Nesse sentido, apesar do potencial de valorização entre o preço corrente e nosso novo preço-alvo, optamos por manter a recomendação em neutra, diante de uma equação risco x retorno desequilibrada no momento”, explicou a analista em relatório.
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Estratégias da Renner para voltar a crescer
A analista ainda destacou que as Lojas Renner estão priorizando algumas medidas para acelerar o crescimento. Entre elas, estão avanços do canal digital e de outros canais de venda (omnicanalidade), bem como a criação de conteúdo e aumento do engajamento.
“Em relação à omnicanalidade, merece destaque a escalada das operações de vestuário no centro de distribuição de Cabreúva, já tendo alcançado 50% do volume transacionado pelas lojas físicas, com o ramp up vindo em linha com o planejado”, disse.
Já em relação ao digital, chama a atenção o ganho de eficiência, com redução de 4,1 ponto percentual (na comparação anual) nas despesas sobre vendas digitais.
Também houve redução do custo de aquisição do cliente (CAC) diante da elevação da participação do tráfego não pago para o site e app em mais de 20%, assim como as visitas via redes sociais, que aumentaram quase 60% na base anual.
Outra prioridade estratégica que mostrou avançou no segundo trimestre foi a de oferta de soluções financeiras, com foco em reduzir a dependência da receita proveniente de crédito e elevar a receita vinda de serviços.
Renner: varejista fez ajustes estruturais
Além do avanço do plano estratégico, o Banco do Brasil ressaltou que as Lojas Renner também fizeram ajustes estruturais importantes após a divulgação de resultados financeiros fracos no primeiro trimestre de 2023.
Para navegar em um ambiente macroeconômico ainda delicado para o consumo, a companhia fez um esforço de readequação de despesas, trazendo uma estrutura mais leve para o segundo semestre, que já surtiu efeitos no mês de junho, segundo a analista.
“Vale pontuar que, além dos frutos provenientes dessa adequação de estrutura, a companhia ainda colherá frutos relacionados à captura dos benefícios operacionais do novo CD, que possui estruturas duplicadas nessa fase de ramp up”, afirmou ainda.
Outras adequações foram feitas na precificação da coleção e maior oferta de produtos de faixa de entrada, além da revisão de preços de itens relevantes da estação.