Em tempos de crise, a regra é sempre cortar gastos de onde for possível. E na Americanas (AMER3) não é diferente: ainda que o motivo principal não seja bem uma economia de recursos, a varejista viu na atual crise uma oportunidade de rever a remuneração de conselheiros e acionistas.
Segundo documento arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a ideia é pagar a eles um total de R$ 41,4 milhões no próximo ano fiscal, 24,2% a menos do que os R$ 54,7 milhões do último exercício.
A proposta será levada aos acionistas na próxima assembleia, que acontece no dia 29 de abril.
De acordo com a Americanas, a decisão de propor um novo valor considera a possibilidade de eleição de novos diretores para a empresa, além do fato de que outros deles estarão afastados nos próximos meses por conta das investigações que ocorrem na varejista.
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Além disso, a Americanas também vai colocar na mesa a recondução dos atuais membros do conselho de administração, incluindo Carlos Alberto Sicupira como acionista de referência, além de outros sete nomes.
Presidente da CVM levantou suspeitas sobre remuneração de ex-CEO da varejista
Nesta semana, o presidente da CVM, João Pedro Nascimento, disse que há "inconsistência na lisura da prestação de informações sobre remuneração de Sérgio Rial pela Americanas."
Seu comentário foi feito durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, convocada para tratar da situação da Americanas.
O executivo lembrou ainda que a autarquia tem um processo aberto para examinar os moldes da remuneração do ex-CEO, que foi empossado no início deste ano, mas que já prestava serviços à varejista no ano passado, ao mesmo tempo em que acumulava funções no Santander.
Na mesma audiência pública, Rial contou que recebeu da Americanas de duas maneiras. "Meu contrato com o presidente executivo era calcado em ações, a partir de maio, na valorização das ações em cinco anos da empresa. Já o contrato de consultoria foi assinado dia 1o setembro como parte do processo de ambientação", disse.
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O modelo de prestação de serviço e remuneração, assim como a linha do tempo e prestação de informações, afirmou Nascimento, serão analisados pela autarquia.
Ele enfatizou que a CVM não havia recebido nenhuma denúncia sobre a Americanas até 11 de janeiro, quando Rial — então com nove dias no cargo e já demissionário — informou que a companhia tinha inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões.
Ele completou informando que ainda não se pode dizer qual será a punição aos envolvidos, mas disse que "as sanções pecuniárias a envolvidos na Americanas poderá ser bastante substancioso."
O presidente da CVM também disse que o caso da Americanas pode gerar impactos na economia nacional, principalmente na área de crédito. "O caso da Americanas é lamentável e gravíssimo."
O executivo explicou ainda que a investigação na CVM é feita por área técnica, sem participação de presidente e diretores.
* Com informações do Estadão Conteúdo