A disputa pelo controle da GetNinjas (NINJ3) pode ganhar um novo e inesperado rumo. Isso porque a Reag Investimentos acaba de perder o prazo para lançar a oferta pública de aquisição (OPA) pelas ações dos minoritários da plataforma.
A Reag atingiu a marca de 25,004% de participação na GetNinjas em 11 de outubro, o que acionou o mecanismo de poison pill (pílula de veneno, em tradução literal) do estatuto da empresa.
A cláusula obriga qualquer acionista que superar o limite de 25% de participação a lançar uma OPA em até 60 dias corridos contados a partir do atingimento desse percentual.
Acontece que esse prazo se encerrou na última segunda-feira (11) — e até agora, a Reag não publicou nenhum documento formalizando a operação à CVM, a xerife do mercado de capitais brasileiro.
O que está em xeque daqui para frente
De acordo com o estatuto da GetNinjas (NINJ3), se o acionista que atingiu a participação relevante — no caso, a Reag — não cumprir com essas obrigações, poderá perder os direitos políticos na empresa.
Ainda de acordo com as normas da GetNinjas, o conselho de administração da companhia deverá convocar uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para votar a suspensão do exercício dos direitos deste acionista.
Se o conselho não convocar a assembleia ainda nesta terça-feira (12), qualquer acionista com mais de 5% de participação na empresa poderá solicitar essa AGE em oito dias, segundo apuração do Seu Dinheiro.
Ainda há a possibilidade do surgimento de passivos, com processos legais de acionistas contra a Reag por perdas e danos pelo atraso do edital. Além disso, os órgãos reguladores do mercado de capitais brasileiro poderão aplicar advertências ou sanções contra a gestora.
Vale destacar que, se a Reag publicar o edital da OPA mesmo com atraso, ela recupera os direitos de voto e a cassação não acontecerá.
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A GetNinjas (NINJ3) e a Reag
O impasse em torno da oferta aos minoritários da GetNinjas (NINJ3) acontece pouco depois de a Reag assumir o controle da gestão da companhia.
A gestora decidiu montar uma posição na GetNinjas para se opor aos planos do fundador da empresa, Eduardo L’Hotellier, que pretendia devolver aos investidores parte dos recursos mantidos em caixa após a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da companhia na B3.
Nesse processo, a Reag conseguiu barrar a proposta em assembleia e ainda conseguiu tirar L’Hotellier dos cargos de CEO e diretor de relações com investidores da companhia.
Em 21 de novembro, a Reag assumiu duas vagas no conselho da GetNinjas depois de atingir participação de 32% na companhia, que tem o capital pulverizado na B3. A ARC Capital — outra gestora que montou posição recente na empresa — também conseguiu uma cadeira no colegiado.
Agora, o futuro da GetNinjas depende dos próximos passos da Reag Investimentos. Afinal, como a gestora não cumpriu o prazo para lançamento da OPA, está passível de perder os direitos políticos e, consequentemente, o poder na companhia.
O Seu Dinheiro procurou a Reag, mas não obteve resposta ao pedido de entrevista até a publicação desta matéria.