Há vida depois da fraude contábil bilionária para a Americanas (AMER3)? Após a reapresentação dos resultados de 2021 e da divulgação do balanço atrasado de 2022, a varejista espera virar mais uma página da crise ainda neste ano.
Entre os próximos passos está a realização da assembleia de credores para aprovar o plano de recuperação judicial da companhia, que possui dívidas de R$ 42,5 bilhões.
A expectativa é que a aprovação ocorra em dezembro, de acordo com Camille Faria, a diretora financeira da Americanas.
O plano prevê a conversão de até R$ 12 bilhões de dívidas em ações, além de uma capitalização de outros R$ 12 bilhões, que já foi garantida pelos acionistas de referência — o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.
A empresa também propôs o pagamento da dívida em um leilão reverso. Ou seja, quem oferecer o maior desconto, partindo de um mínimo de 70%, leva.
Após a homologação do plano, a Americanas espera concluir a reestruturação em 90 dias. "Esse não é um cronograma-limite e pode se alongar", afirmou a diretora, em teleconferência com analistas.
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Americanas (AMER3) prevê ter caixa líquido em 2025
Na apresentação ao mercado, a administração da Americanas também tentou mostrar o que pode ser um retrato operacional da companhia após a reestruturação.
O negócio terá como alicerce a rede de lojas físicas, de acordo com Leonardo Coelho, CEO da Americanas. A operação digital deve complementar a atuação, principalmente como marketplace, como plataforma de vendas de terceiros.
"O digital da Americanas não vai ser um concorrente em tamanho de um 'Mercado Livre', pelo menos no curto prazo. Mas vai será um braço importante para a companhia", disse Coelho.
A varejista também quer usar a AME, empresa de serviços financeiros do grupo, para oferecer ofertas de cashback e programa de fidelidade aos clientes.
Já o processo de venda de ativos, como a Hortifruti Natural da Terra e a Uni.Co, permanece suspenso, mas continua no radar, segundo o CEO.
A Americanas estabeleceu como meta (guidance) chegar ao "fim do túnel" da crise no fim de 2025. A expectativa da companhia é chegar lá com uma posição de caixa líquido (incluindo os recebíveis de cartões) — contra uma dívida líquida de R$ 26,3 bilhões no fim de 2022.
Ainda dentro do guidance para 2025, a companhia espera alcançar um Ebitda (indicador que o mercado costuma usar como medida de geração de caixa) de R$ 2,2 bilhões. Considerando o pagamento de aluguéis, o Ebitda deve ser da ordem de R$ 1,5 bilhão.
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