As compras no parcelado sem juros no cartão de crédito caíram no gosto da população e os bancos não têm a pretensão de acabar com a modalidade. A afirmação é de Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú Unibanco (ITUB4).
De todo modo, os bancos estão discutindo com o governo uma “transição gradual” do atual modelo,. Maluhy não revelou como se daria essa transição, mas disse que o Brasil possui hoje uma situação única no mundo.
Atualmente 75% da carteira de financiamentos dos bancos brasileiros via cartão não rendem juros. Enquanto isso, em outros países a equação se inverte, ou seja, 70% da carteira rende juros às instituições financeiras.
“Os bancos carregam uma carteira muito grande sem juros, o que gera uma distorção”, disse o CEO do Itaú, que participou hoje da conferência anual do Santander.
O varejo é contra mudanças no parcelado por temer efeitos sobre as vendas. O cartão é hoje responsável por 40% do consumo no país.
Ao defender uma mudança no parcelado sem juros, Maluhy disse que os bancos atuam de forma “isenta” por estarem dos dois lados da equação.
Isso porque as instituições financeiras também são donas das empresas de maquininhas de cartão (adquirência), que ganham conforme o volume de compras realizadas no cartão.
Mudança além do rotativo
Entre as distorções do mercado de cartão hoje estão os juros elevadíssimos das linhas do rotativo — quando o cliente opta por pagar apenas uma parte da fatura.
O governo busca reduzir essa taxa, mas os bancos defendem um ajuste que englobe todo o modelo, de acordo com Mario Leão, CEO do Santander Brasil. “O rotativo do cartão não pode ser olhado de forma isolada”, defendeu.
Por fim, vale lembrar que qualquer decisão nesse sentido cabe ao Conselho Monetário Nacional (CMN).