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Viagem ao centro da meta: IPCA de maio desacelera tanto que surpreende até os mais otimistas

Viagem ao centro da Terra Roberto Campos Neto

Se Júlio Verne saísse da ficção científica para a crônica da política monetária de hoje, talvez o professor Otto Lidenbrock desse lugar a Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC). E a mensagem deixada pelo alquimista Arne Saknussemm em Viagem ao Centro da Terra talvez citasse o IPCA:

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“Suba a face mais íngreme do Monte Selic, ó ousado alpinista, e chegará ao centro da meta. Eu fiz isso.”

À frente do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, Roberto Campos Neto iniciou a escalada do Monte Selic em março de 2021, pouco depois de ser concedida autonomia à autoridade monetária.

Ao longo dos últimos anos, porém, a inflação no Brasil ficou consistentemente acima dos parâmetros estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Em 2023, com a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as críticas a Roberto Campos Neto e sua equipe de alpinismo monetário subiram de tom.

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Mas as vicissitudes da aventura talvez não tenham sido em vão. Dez meses depois de o Copom ter alcançado o cume do Monte Selic, o almejado centro da meta finalmente começa a ser avistado.

É o que sugere a mais recente leitura do IPCA.

O índice de preços medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou uma alta mensal de 0,23% em maio, de +0,61% em abril.

No acumulado em 12 meses, a inflação também desacelerou — de 4,18% no mês passado para 3,94% em maio.

Em ambos os parâmetros de comparação, o IPCA de maio veio abaixo das estimativas dos analistas. A mediana das projeções indicava altas de 0,33% na base mensal e de 4,03% na leitura anual.

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O resultado superou até mesmo as estimativas mais otimistas dos analistas, que eram de 0,24% e 3,95%, segundo projeções coletadas pelo serviço de notícias em tempo real Broadcast.

Esta é a primeira vez que a inflação oficial medida pelo IPCA fica abaixo de 4% desde outubro de 2020.

LEIA TAMBÉM: Quem é Roberto Campos Neto?

Inflação se aproxima da meta

A alta dos preços ainda avança num ritmo superior ao centro da meta de 2023 — 3,25% na leitura anual —, mas já se encontra dentro da banda aceita pelo CMN, que vai de 1,75% a 4,75%.

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O que mais chamou a atenção dos analistas foi a oscilação do “núcleo da inflação”, medida que desconsidera o efeito de choques temporários sobre o IPCA.

Os números de maio são atribuídos a uma desaceleração mais forte dos preços da gasolina, de produtos farmacêuticos e de alimentos.

“Isso confirma uma desinflação não só do índice cheio, mas também da parte mais sensível ao ciclo econômico”, afirma Mirella Hirakawa, economista sênior da AZ Quest.

Ela — assim como quase todo o restante do mercado — esperava uma leitura anual do IPCA abaixo dos 4% somente a partir de junho. “Essa antecipação é um efeito benigno da política monetária”, disse Mirella.

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O que o IPCA sinaliza em relação à Selic

O fato é que a inflação de maio é uma boa notícia para o BC, para o governo, para o mercado e também para a população depois de um momento de deterioração acentuada do poder de compra.

Entretanto, por melhor que seja a notícia, é improvável que o Copom deflagre um ciclo de alívio monetário já nas reuniões marcadas para 20 e 21 de junho.

“Existe pouco espaço, uma vez que as expectativas ainda estão desancoradas”, disse Mirella.

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Para Lucas Farina, economista da Genial Investimentos, "a experiência passada desaconselha fortemente cortes precoces na taxa de juros quando o processo de desinflação ainda não está bem sedimentado".

No momento, a expectativa dos analistas é de que o Copom mantenha a Selic em 13,75% ao ano, mas finalmente suavize a comunicação e sinalize que a hora de baixar os juros está próxima — muito provavelmente a partir da reunião de agosto.

Até lá, a viagem ao centro da meta continua.

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