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Mesmo com ethereum (ETH) a US$ 2 mil, desempenho da segunda maior criptomoeda do mundo ficou aquém do esperado; veja motivos

Atualização do ethereum desenvolvedores desmentem anúncios feitos anteriormente

Ethereum (ETH), a segunda maior criptomoeda do planeta

Alguns participantes do mercado dizem que o Longo Inverno Cripto já passou e que os touros voltaram — no jargão do mercado, o bull market está presente e as cotações das criptomoedas sobem a todo vapor. Uma das promessas do setor, o Ethereum (ETH), acaba de atingir os US$ 2 mil, cotações que não eram vistas desde abril deste ano. 

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A segunda maior criptomoeda do mundo pegou carona na disparada do bitcoin (BTC) após rumores de que um ETF (fundo de índice, em inglês) de bitcoin à vista (spot) estaria prestes a ser aprovado.

Além disso, a BlackRock, maior gestora do mundo com mais de dez trilhões de ativos sob gestão, preencheu um formulário para ofertar um ETF de ethereum à vista junto aos reguladores do estado de Delaware, nos EUA. 

Entretanto, mesmo com a disparada de quase 8%, o desempenho do ethereum está aquém do esperado. 

É verdade que não dá para dizer que uma alta de quase 70% em 2023 seja pouco. Para efeitos de comparação, a bolsa de tecnologia dos Estados Unidos, a Nasdaq, sobe cerca de 30% no acumulado do ano; o nosso Ibovespa avança aproximadamente 10% no mesmo período. 

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Entretanto, se compararmos com a alta das dez maiores criptomoedas do mundo, o desempenho do ETH fica bastante abaixo de outros tokens. Excluindo as stablecoins — que, como o próprio nome diz, tem cotações mais estáveis — a alta do ethereum ficou no quinto lugar:

#NameYTD %
7Solana (SOL)354,83%
1Bitcoin (BTC)120,44%
5XRP (XRP)93,38%
10TRON (TRX)80,59%
2Ethereum (ETH)69,35%
8Cardano (ADA)47,07%
9Dogecoin (DOGE)1,79%
4BNB (BNB)0,35%
3Tether USDt (USDT)0,05%
6USDC (USDC)0,02%
Fonte: Coin Market Cap

Para uma criptomoeda tão promissora quanto os analistas achavam, o ethereum teve um desempenho bastante decepcionante. A seguir você entende o porquê:

Ethereum (ETH) em desuso

Para Axel Blikstad, fundador da gestora BLP Crypto, gestora responsável pelo primeiro fundo de bitcoin do Brasil, um dos pontos principais foi o peso do fraco desempenho das finanças descentralizadas (DeFi) na rede ethereum.

Para entender como o setor de DeFi afeta a rede, é preciso entender o mecanismo de validação da blockchain do ethereum, que é levemente diferente da do bitcoin

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Quando há uma transação, é cobrada uma taxa (gas fee) em ETH pelo uso da rede. Parte dessa taxa paga os validadores e outra é destruída (burn, no jargão).

Essa é uma das maneiras de manter o estoque de tokens limitado na rede, evitando assim a inflação do protocolo — pense em um país que emite muita moeda e o dinheiro acaba desvalorizado. 

“O ecossistema de DeFi é responsável por uma parte significativa dessa destruição porque lida diretamente com finanças. Mas com o mercado em baixa, menos tokens estavam sendo destruídos”, comenta Blikstad. “No fim, a rede chegou a ter uma pequena inflação no período”. 

Em números

De acordo com o portal DeFi Llama, o pico do valor total travado em contratos de DeFi (total value locked ou TVL) aconteceu em 2021, aos US$ 179 bilhões. Esse montante caiu vertiginosamente ao longo de 2022 e, no ápice de 2023, chegou a US$ 52 bilhões. 

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Assim como o TVL caiu, a recompensa dos mineradores também caiu, o que tornou a atividade menos atrativa. 

Outro ponto importante foi a queda nas negociações de NFTs, os certificados digitais que abalaram o mundo das artes. A crise do setor foi tanta que alguns artistas chegaram a destruir suas obras após as negociações caírem mais de 95% de um ano para outro

“No fim do dia, é o número de usuários ativos que determina o sucesso da rede”, comenta o fundador da BLP. 

The merge

Outro evento que também impactou foi a atualização The Merge, que mudou o sistema de validação da rede — você pode ler mais sobre ela aqui.

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Isso porque muitos usuários começaram a praticar o staking (uma espécie de pagamento de dividendos) de criptomoedas. Essa atividade se intensificou especialmente após a atualização Shapella, que permite o saque das moedas que estão neste mecanismo

Porém, a crise no mercado e o passar do tempo fizeram com que os retornos do staking caíssem, desincentivando a prática.

Os yields, que chegavam facilmente aos dois dígitos, dependendo do protocolo, caíram para 4% ou menos, de acordo com o DeFi Llama. Mais uma vez, a saída de usuários penalizou a rede do ethereum. 

Atualização do ethereum foi “tiro no pé”?

Muitos usuários criticaram a mudança do sistema de de proof-of-work (PoW, ou “prova de trabalho”) para proof-of-stake (PoS, ou “prova de participação”). 

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Diferentemente do PoW, o PoS pode gerar uma centralização dos validadores, algo que vai contra a própria filosofia das criptomoedas, que preza pela descentralização. 

Isso afastou alguns desenvolvedores da época e gerou uma pequena — porém significativa — crise no protocolo.

Ainda que esse descontento não tenha se convertido em uma saída massiva de programadores e criadores, essa tem sido uma das principais críticas à rede desde então. 

Ainda vale investir em ETH?

Novamente, vale ressaltar que uma alta de quase 70% em 2023 não é pouco para qualquer investimento, apesar de não ser um retorno tão grande quanto o de outras criptomoedas.

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Mesmo assim, os analistas enxergam o ethereum com bons olhos. “É uma rede grande, com muitos desenvolvedores e a principal do mundo cripto”, comenta Axel Blikstad. Em linhas gerais, os fundamentos do ethereum se mantêm. 

Vale lembrar que outras criptomoedas que competem com o ethereum — como Solana (SOL), Polygon (MATIC) e Polkadot (DOT) — podem até ter tido um desempenho melhor das cotações, mas ainda não tem a segurança, descentralização e escalabilidade do ETH. 

Por fim, sempre vale lembrar que o mercado de criptomoedas é altamente volátil e arriscado. O investidor não deve manter uma parcela maior do que 5% do seu portfólio em ativos digitais de qualquer natureza, segundo os especialistas.

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