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XP despenca quase 20% em Nova York após resultados considerados fracos, e Credit Suisse rebaixa ação para venda

XP investimentos

O balanço da XP Investimentos, divulgado na noite da última quinta-feira (16), não agradou os investidores nem os analistas, levando os papéis da corretora a despencarem quase 20% nesta sexta-feira na Nasdaq, em Nova York. Os BDRs negociados na B3 sob o código XPBR31 tombaram 18,15%.

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Considerados fracos, os números levaram, inclusive, o Credit Suisse a rebaixar a recomendação para as ações da empresa para underperform (equivalente a venda), cortando o preço-alvo dos papéis de US$ 27 para US$ 15, um potencial de queda de 5,60% em relação ao fechamento de ontem.

O banco suíço reduziu suas estimativas para a XP em razão do "ambiente de receitas mais deteriorado", considerando os resultados da companhia muito negativos.

"Com a queda das receitas em todas as áreas (varejo e principalmente atacado), os resultados da empresa foram afetados pela alavancagem operacional negativa, apesar do esforço de redução de custos. Mais uma vez a XP não gerou caixa, com redução do caixa líquido de R$ 459 milhões", destacou o relatório.

Receitas da XP no 4T22 decepcionaram

As principais linhas do balanço vieram abaixo das expectativas não só do Credit, mas também de diversos outros bancos e corretoras, como Goldman Sachs, Santander, JP Morgan, UBS e BTG Pactual, embora nenhuma dessas casas tenha alterado sua recomendação para a ação, mantendo-a em compra ou neutro.

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De maneira geral, todos os analistas destacaram as receitas fracas como a grande decepção do balanço. Embora a receita bruta tenha crescido no ano, no quarto trimestre a cifra caiu 3% em base anual e 12% na comparação trimestral, para R$ 3,2 bilhões.

O lucro líquido entre outubro e dezembro foi de R$ 783 milhões, queda de 21% em relação ao mesmo período de 2021. No ano, o resultado permaneceu praticamente estável em R$ 3,5 bilhões.

Desafios ainda não chegaram ao fim

Embora tenham elogiado o corte de custos empreendido pela XP, que incluiu demissões, os analistas frisaram que a readequação não foi suficiente para vencer o enfraquecimento nas receitas, e a expectativa para 2023 não é de grande melhora.

O Credit Suisse, por exemplo, acredita que a redução de despesas efetuada pela corretora não deve sustentar o ritmo de crescimento esperado pela companhia em 2023. A XP espera um lucro líquido entre R$ 3,8 bilhões e R$ 4,2 bilhões neste ano, com as despesas ficando entre R$ 5 bilhões e R$ 5,5 bilhões em 2023.

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Em teleconferência com o mercado, a administração da XP já disse esperar que o primeiro trimestre deste ano traga resultados fracos, inclusive com um impacto de de R$ 125 milhões no lucro líquido em razão de provisões para perdas com a Americanas.

A elevada taxa de juros no Brasil - que deve permanecer no patamar de 13,75% até praticamente o fim do ano - e as perspectivas de desaceleração global têm pesado negativamente sobre o negócio da XP, com a migração dos investimentos dos clientes da bolsa para a renda fixa e o hiato nas aberturas de capital por parte das empresas.

A Empiricus diz que enxerga a XP como um negócio fundamentalmente cíclico, que entrega crescimentos e retornos superiores quando o custo de capital está em trajetória de queda.

"Sendo assim, acreditamos ser difícil haver melhora operacional sem que haja antes queda na Selic e/ou uma melhora sustentada do sentimento do investidor brasileiro. Até que isso aconteça, o múltiplo atual da ação, de 9x o lucro estimado para 2023, parece-nos justo para o ponto atual do ciclo", escreveu Larissa Quaresma, analista do setor financeiro da casa de análise.

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A Empiricus teve recomendação de venda para as ações da XP durante boa parte de 2022, mas hoje, diante do valuation descontado, tem uma visão neutra para o papel.

Veja a seguir a recomendação para as ações da XP por parte dos bancos e corretoras que comentaram os resultados divulgados pela empresa:

*Com Estadão Conteúdo

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