Um movimento comum entre os investidores no final do mês é o reajuste de posições e a tentativa de recuperar as perdas. E, apesar do cenário de cautela no exterior, em meio aos juros elevados, e local, de olho no fiscal, o Ibovespa opera em alta.
As varejistas surfam na onda positiva e se destacam entre as maiores altas do B3, driblando as expectativas de que o Banco Central deve manter o ritmo de cortes de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, nas próximas reuniões do Copom.
As ações do Assaí Atacadista (ASAI3), por exemplo, lideram os ganhos do Ibovespa, com alta próxima a 5%. Lojas Renner (LREN3) e Magazine Luiza (MGLU3) registravam alta de 3,33% e 1,47% respectivamente, por volta das 14h (horário de Brasília).
Sem notícias relevantes para o setor de varejo, as ações estão mais suscetíveis à dinâmica dos juros futuros (DIs) — apostas do mercado para a trajetória das taxas básicas de juros negociadas em forma de contratos na bolsa.
Nesta quinta-feira (28), os DIs mais curtos reduzem os ganhos na comparação com o fechamento anterior, acompanhando a virada dos rendimentos dos Treasuries em Nova York. A curva ainda segue pressionada, mas se afasta das máximas registradas ao longo da semana. Acompanhe a cobertura de mercados hoje.
Vale lembrar que as ações de varejo são consideradas pelo mercado como ativos cíclicos, ou seja, ligados à atividade econômica e, consequentemente, mais voláteis.
Em linhas gerais, os juros em níveis mais altos por mais tempo limitam o acesso ao crédito, e consequentemente, reduzem os investimentos – inclusive nas bolsas de valores.
Confira as cotações das principais varejistas no Ibovespa hoje:
| CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
| ASAI3 | Assaí ON | R$ 12,18 | 5,18% |
| ARZZ3 | Arezzo ON | R$ 63,56 | 4,16% |
| LREN3 | Lojas Renner ON | R$ 13,39 | 3,80% |
| BHIA3 | Casas Bahia ON | R$ 0,59 | 3,51% |
| PCAR3 | GPA ON | R$ 3,35 | 3,08% |
| SOMA3 | Grupo Soma ON | R$ 6,53 | 2,83% |
| MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 2,07 | 1,47% |
| ALPA4 | Alpargatas PN | R$ 7,86 | 0,38% |
Por fim, CVC (CVCB3) estende os ganhos da sessão anterior, acompanhando o apetite ao risco dos investidores na sessão.
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Além das varejistas: bancos avançam hoje
O setor bancário, que depois de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) tem a maior participação na composição do Ibovespa, também opera em alta no pregão de hoje e “ajuda” o principal índice da bolsa de valores brasileira a estender os ganhos.
Confira as cotações dos bancos no Ibovespa:
| CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
| BBAS3 | Banco do Brasil ON | R$ 47,25 | 2,36% |
| ITUB4 | Itaú Unibanco PN | R$ 27,15 | 2,26% |
| BBDC4 | Bradesco PN | R$ 14,23 | 2,23% |
| BPAC11 | BTG Pactual units | R$ 30,40 | 1,71% |
| BBDC3 | Bradesco ON | R$ 12,47 | 1,63% |
| SANB11 | Santander Brasil units | R$ 25,95 | 1,49% |
Os papéis dos bancos sobem com a perspectiva de aumento do mercado de crédito no ano que vem, com a expectativa de juros menores.
“A evolução do crédito recuou discretamente. Para 2024, esperamos aumento do crédito em termos reais e nominais, com a recuperação que acontece quando há um esfriamento (do caso) Americanas, o que é esperado da política monetária e incorporamos isso tudo na projeção de crédito para 2024”, disse o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, em coletiva.
Além disso, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal aprovou a lei do programa Desenrola, e o texto deve ser apreciado na próxima semana no plenário da Casa.
Petrobras (PETR4) na ponta negativa do Ibovespa
Entre as maiores quedas do pregão, destacam-se as ações da Petrobras (PETR4), que caem em meio a ajustes nas cotações do petróleo tipo Brent — que recuam no mercado internacional.
Os papéis ordinários (PETR3) da estatal — que dão direito a voto — registram queda de 0,50%, a R$ 37,51. Já os preferenciais (PETR4) — na distribuição de proventos — recuam 0,41%, a R$ 34,39 na B3.
Os investidores operam mais cautelosos com o risco de interferência nos preços dos combustíveis, em um momento de redução de oferta de petróleo no cenário internacional e crescente elevação dos preços do barril do óleo tipo Brent, usado como referência para a Petrobras.
O presidente da Petrobras (PETR4), Jean Paul Prates, afirmou, nesta quinta-feira (28), que a estatal não está segurando os preços dos combustíveis.
O CEO da companhia também negou uma possível interferência política.
"Os modelos por enquanto estão indicando que é possível manter (o preço dos combustíveis) no mesmo patamar, sem haver absolutamente nenhum risco para a rentabilidade da empresa", disse Prates após evento com atletas olímpicos patrocinados pela estatal.
As exportadoras de celulose Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) lideram as perdas do Ibovespa e recuam na esteira do enfraquecimento do dólar, com os investidores também realizando os ganhos recentes ancorados no avanço da moeda americana nos últimos dias.
*Com informações de Estadão Conteúdo