O grupo de lideranças do MDB que apoia a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto solicitou ao ex-presidente Michel Temer que ele articule um adiamento da convenção nacional da sigla, programada para o dia 27 de julho, momento em que a candidatura de Simone Tebet (MDB) deveria ser chancelada.
Os dirigentes também querem que o encontro seja presencial, e não virtual, como previsto. A avaliação é que a medida ajude a sigla a encontrar "convergência" na decisão.
"Evidentemente vieram pleitear que eu ajudasse na possibilidade de uma eventual prorrogação da data da convenção. Eu disse que iria conversar com o presidente (do MDB) Baleia Rossi e verificar essa possibilidade", afirmou Temer após encontro com os dirigentes da sigla na terça-feira (18).
A nova data da convenção de Simone Tebet
O grupo quer que a convenção seja prorrogada para agosto, com a possibilidade de ser realizada no dia 5, último dia permitido pelo prazo eleitoral. Baleia Rossi, porém, afirmou que o encontro está mantido.
"Eu não vejo oposição radical a Simone Tebet, há uma preocupação política em relação ao que possa acontecer na eleição", defendeu.
Questionado se haveria chance do partido desistir de lançar uma candidatura própria, Temer disse que a senadora "está muito decidida", mas que "há cerca de 11 diretórios que têm algumas dificuldades''. Tempo ao tempo", concluiu.
O ex-presidente é um dos defensores do projeto político de Simone Tebet ao Planalto.
Simone Tebet e o esfarelamento da terceira via
Um dos porta-vozes do grupo que questiona a candidatura, o senador Eduardo Braga (MDB-AL) justificou o pedido de adiamento por acreditar que a convenção presencial é uma tradição no MDB e que nela "todas as correntes" podem se manifestar.
"A ideia é que se poderia adiar para ter tempo hábil para podermos dialogar, conversar, porque é na conversa que o MDB construiu suas convergências", afirmou.
"Viemos ponderar de que ganhássemos tempo para buscar esse diálogo", completou.
Braga também acusou que o MDB precisa encarar questões como o "esfarelamento da terceira via".
Em alusão à senadora Simone Tebet, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) alegou que a consequência de se colocar um candidato "sem competitividade" será a diminuição dos palanques estaduais e a projeção de bancada do partido, espelho do que ocorreu nas eleições presidenciais de 2018.
"O grande problema do Baleia Rossi é que ele parece não estar convencido da necessidade da candidatura própria e tenta consumar o fato sem convencer os segmentos do partido que não estão", argumentou.
"Não dá para pressupor um partido do tamanho e tradição do MDB querer apressadamente homologar candidatura própria sem viabilidade eleitoral."
Também participaram da reunião Isnaldo Bulhões, líder do MDB na Câmara, os senadores Rose de Freitas (MDB-ES), Marcelo Castro (MDB-PI) e o ex-ministro Moreira Franco.
Veja também: Riscos para a economia no segundo semestre
A ala lulista do MDB
Na segunda-feira (18), uma ala do MDB se encontrou com Lula para confirmar o apoio ao petista.
Também participaram representantes do Maranhão, Ceará, Bahia, Paraíba, Rio de Janeiro, Pará e Rio Grande do Norte também estavam presentes.
Apesar de defenderem um acordo interno no partido, lideranças do MDB de 19 Estados reforçaram na terça-feira (19) o apoio ao nome de Simone Tebet em oposição a Lula.
"Em respeito ao povo brasileiro e aos filiados do MDB, nós — defensores de uma alternativa à polarização e ao populismo — ratificamos nosso compromisso de lutar pela eleição de Simone Tebet à Presidência da República", afirmaram em um manifesto.
Entre os signatários do documento, estão o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, e antigos caciques da legenda, como Romero Jucá e Jarbas Vasconcelos.
Até o momento, a convenção nacional do MDB está marcada para a próxima semana, dia 27.
Se não houver acordo, a expectativa é que os grupos que questionam a candidatura de Simone Tebet, minoria entre os diretórios, tentem obstruir a votação, votando contra ou não comparecendo.