Site icon Seu Dinheiro

Muita briga, pouca proposta: no último debate, Lula e Bolsonaro travam discussão com troca de farpas

Lula veste terno azul e está com as mãos na boca. Ao lado da montagem, Bolsonaro de terno cinza escuro e camisa branca com a bandeira do Brasil ao fundo.

Desempenho pessoal do presidente Lula é desaprovado por 53% dos brasileiros.

Em meio à troca de acusações de fake news e corrupção entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), até o jornalista William Bonner precisou se defender de queixas dos candidatos no último debate antes da definição das eleições presidenciais de 2018.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os dois postulantes ao Planalto utilizaram a maior parte do primeiro e segundo blocos do debate promovido pela Rede Globo nesta sexta-feira (28) para imputar crimes ao rival e falar sobre as políticas de distribuição de renda e para os trabalhadores de seus respectivos governos.

Bolsonaro, o primeiro a falar, acusou o petista de espalhar que o atual presidente acabaria com o 13º salário, as férias remuneradas e outros direitos trabalhistas nas peças televisivas de sua campanha.

Conversando diretamente com o eleitor, Lula rebateu que não tem “tempo” para assistir televisão e pediu que o candidato do PL explicasse por que não concedeu um aumento real ao salário mínimo durante seu governo.

Bolsonaro, por outro lado, prometeu que a partir do próximo ano o novo salário mínimo será de R$ 1,4 mil e destacou o Auxílio Brasil de R$ 600. “Já que você se julga o pai dos pobres, por que você pagou tão pouco aos beneficiários do Bolsa Família?”, questionou o candidato à reeleição.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“É muito fácil chegar aqui agora e reajustar o salário. Porque não aumentou durante os últimos quatro anos?”, argumentou Lula, ressaltando que o Bolsa Família era “apenas uma” das políticas públicas de seu governo.

O ex-presidente também destacou que, apesar de Bolsonaro dizer que manterá o Auxílio Brasil no patamar atual, na previsão orçamentária do próximo ano não há recursos para o benefício de R$ 600.

E a política externa?

Após questionar a ausência de aumentos real do salário mínimo, Lula também criticou a política externa do riva: "Você se autoexilou. Qual é a política externa que você vai colocar em prática? O Brasil hoje é mais isolado que Cuba."

O chefe do Executivo aproveitou a citação do país comunista para acusar o petista de investir mais em países como a ilha caribenha, Venezuela e a Argentina.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Segundo Bolsonaro, os governos do PT prefiriam usar o dinheiro público, principalmente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para construir o metrô na capital da Venezuela ao invés de financiar o transporte metroviário de Belo Horizonte (MG).

Quem tem medo do Roberto Jefferson?

A situação envolvendo o ex-deputado Roberto Jefferson - aliado do presidente e que recebeu a tiros um comboio da Polícia Federal que buscava prendê-lo no último domingo (23) - também não ficou de fora do debate.

"Ele acabou de tentar esconder o Roberto Jefferson, o pistoleiro dele", afirmou Lula em referência ao episódio que deixou dois agentes da PF feridos e se estendeu por horas, enquanto o ex-congressista negociava sua rendição. 

A repercussão do caso foi amplamente negativa, até mesmo entre apoiadores do atual presidente. Bolsonaro tentou se distanciar do aliado e ligá-lo ao petista. Bolsonaro relembrou ainda os casos de corrupção deflagrados no governo Lula.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

"Onde está o José Dirceu?", disse em referência ao ex-ministro da Casa Civil de Lula e condenado a 30 anos e 9 meses de prisão no âmbito da operação Lava Jato.

Vacinas e Viagra

Na tentativa de mudar a temática do debate e desgastar a imagem do rival, Lula acusou Bolsonaro de negligenciar a vacina e de atrasar propositalmente a compra dos imunizantes, além de reduzir recursos do programa Farmácia Popular.

Na réplica, Bolsonaro abordou o assunto e declarou ter comprado 500 milhões de doses de vacina, mas dedicou mais tempo para retomar a pauta da corrupção. Ele acusou o adversário de ter desviado recursos da construção de hospitais para estádios superfaturados.

O petista, por outro lado, questionou a compra de 35 mil caixas de Viagra para as Forças Armadas: "Você poderia me explicar? Se o povo não tem sequer fraldão geriátrico para as pessoas mais velhas."

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O chefe do Executivo alegou que o medicamento, conhecido principalmente pelo tratamento da disfunção erétil, tem outros usos para o exército, como o tratamento do câncer de próstata. "Então por que não distribui viagra para a população?", rebateu Lula.

Lula fala sobre aborto e abre oportunidade para pauta de costumes de Bolsonaro

Ainda dentro da temática da saúde, a discussão sobre o aborto também marcou presença. E, apesar das pautas de costumes serem características de Jair Bolsonaro, foi o petista quem trouxe o discussão para a mesa ao recuperar um discurso de 1992 no qual seu adversário defendeu a distribuição de "pílulas abortivas".

"30 anos atrás", justificou Bolsonaro, complementando que a fala era antiga e ele pode mudar. O presidente então criticou a defesa do rival de que o aborto deveria ser uma questão de saúde pública: "Você é abortista Lula, você é abortista convicto.".

Lula respondeu o adversário se dizendo ser contra o aborto, mas evitou alongar-se sobre o tema. "Eu respeito a vida" disse. "Se você quiser jogar a culpa do aborto em alguém, jogue em você mesmo, porque em mim não cola", continuou.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Aproveitando a deixa, Bolsonaro seguiu com o discurso de costumes e criticou Lula por ser favorável à "ideologia" de gênero e à liberação das drogas.

MEI, CLT e o desemprego

As propostas econômicas pouco apareceram ao longo do debate, mas, respondendo a pergunta de Bolsonaro a criação de empregos, o ex-presidente Lula aproveitou para criticar os números apresentados na gestão do chefe do Executivo.

"O que o brasileiro precisa entender é que eles mudaram o que é considerado emprego. Consideram MEI e trabalho informal como emprego. Na minha época, o emprego era de carteira assinada, CLT. Quero saber quais são os números de emprego com carteira registrada [na gestão de Bolsonaro]", argumentou.

Bolsonaro rebateu Lula sobre dados da gestão da Economia nos quatro anos de mandato. De acordo com o candidato à reeleição, o Brasil deve crescer mais do que a China.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

"Estamos prontos para decolar e fazer o Brasil uma grande nação na Economia. Temos o parlamento perfeitamente afinado conosco, mais de centro-direita. Vamos crescer mais do que a China. Temos a inflação menor do que a Europa e Estados Unidos", disse Bolsonaro.

*Com informações do Estadão Conteúdo

Exit mobile version