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Mercado vê “efeito Roberto Jefferson” limitado e forte realização de lucros como esperada antes da eleição

Lula e Bolsonaro com gráfico ao fundo v1

O ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Após mais de três meses de intensa campanha eleitoral, entramos definitivamente na reta final da disputa pela cadeira de presidente pelos próximos quatro anos — mas isso não significa que o mercado financeiro está blindado contra a volatilidade política. Muito pelo contrário. 

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Nesta segunda-feira (24), o Ibovespa interrompe a sua sequência de cinco ganhos consecutivos e opera em forte queda de mais de 2%. O recuo é puxado pelo desempenho das empresas estatais, o que para  Pedro Paulo Silveira, diretor de gestão de investimentos da Nova Futura Asset, é um indicador de mudança nas expectativas para as eleições presidenciais. 

Isso porque a campanha de Jair Bolsonaro parece ter ido do céu ao inferno em poucos dias. Se na semana passada a queda na rejeição do atual governo e um estreitamento na diferença entre o presidente e o candidato Luiz Inácio Lula da Silva alimentou um otimismo pela continuidade da agenda reformista-liberal em um eventual segundo mandato, a segunda-feira começou em modo de gerenciamento de crise. 

Neste domingo (23), o ex-deputado Roberto Jefferson, aliado do presidente, recebeu a tiros um comboio da Polícia Federal que buscava prendê-lo após a violação dos termos de sua prisão domiciliar. O episódio deixou dois agentes da PF feridos e se estendeu por horas, enquanto o ex-congressista negociava sua rendição. 

A repercussão do caso foi amplamente negativa, até mesmo entre apoiadores do atual presidente. Bolsonaro tentou se distanciar publicamente do aliado, mas, para alguns analistas, não foi bem-sucedido por ter escolhido enviar o seu ministro da ministro da Justiça, Anderson Torres, a Levy Gasparian (RJ), em uma aparente tentativa de controlar a operação.

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Hoje, a Polícia Federal (PF) indiciou Jefferson por quatro tentativas de homicídio e o assunto segue entre os mais comentados nas redes sociais, mas alguns analistas consultados pelo Seu Dinheiro nesta manhã acreditam que o engajamento no tema se concentra mais uma vez nos grupos políticos já polarizados e ainda é preciso esperar um pouco para entender como a oposição deve agir — o que não impede um impacto negativo de curto prazo na campanha de Bolsonaro, ainda que limitado. 

Se “Efeito Jefferson” é limitado, porque o Ibovespa cai?

A forte queda do Ibovespa nesta segunda-feira (24) chama a atenção e descola do comportamento dos mercados internacionais. O desempenho das estatais é o principal destaque negativo, com quedas superiores a 8%.

Desempenho das principais estatais da bolsa na última semana, com queda pronunciada nesta segunda-feira

Mas apesar dos desdobramentos do fim de semana, analistas apontam que existem outros fatores que estão no radar dos investidores para os próximos dias. 

Primeiro, a confusão envolvendo um aliado não é a única baixa para a campanha de Bolsonaro. O candidato do PT ganhou o direito de resposta e Bolsonaro será obrigado a ceder 24 inserções em rádio e TV para Lula, reduzindo o alcance de sua campanha nas mídias tradicionais. Além disso, existe expectativa para o último debate entre os dois candidatos, marcado para a próxima sexta-feira (28). 

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Então, depois de duas semanas de avanço significativo, com o foco em um resultado ainda em aberto para o pleito presidencial e recuperação de Bolsonaro, o movimento é de forte realização de lucros. 

Para Rafael Passos, da Ajax Capital, o mercado deve seguir reduzindo o ritmo de olho nas eleições, mas o movimento de queda visto hoje pode ser considerado normal. “ Temos essa realização de hoje não pelos efeitos do que tivemos no fim de semana, mas pela alta muito forte dos últimos dias. O mercado tira um pouco um pé e realiza, podendo ficar mais fraco nos próximos dias.  

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