Michael Saylor navega há algum tempo por um verdadeiro oceano de azar. Porém, as ondas parecem ter se intensificado e ficado mais violentas. Depois de ser “demitido” do cargo de CEO da MicroStrategy, o qual ocupava desde 1989, agora o executivo está sendo acusado de uma fraude fiscal milionária.
Em processo aberto na última quarta-feira (31), o procurador-geral do distrito de Columbia, Karl Racine, acusa Saylor de nunca ter pagado imposto de renda ao governo local, mesmo morando ali há dez anos. Isso teria gerado a sonegação de cerca de US$ 25 milhões em impostos distritais.
A MicroStrategy também não saiu ilesa. A companhia de inteligência de negócios é ré por supostamente conspirar para ajudar o executivo a sonegar impostos.
Segundo Racine, a procuradoria está tentando recuperar o montante superior a US$ 100 milhões em impostos e multas não pagos.
Michael Saylor sonegou impostos?
De acordo com o processo, Michael Saylor teria afirmado morar na Virgínia ou na Flórida — Estados norte-americanos onde as taxas de imposto de renda pessoais são mais baixas ou até mesmo zeradas.
Isso enquanto, na realidade, ele teria morado em diversas casas diferentes no Distrito de Columbia, que abrange Washington, a capital dos Estados Unidos, segundo a denúncia de Karl Racine.
O procurador alega que o cofundador da MicroStrategy estava em um apartamento de cobertura no bairro de Georgetown ou em seu iate enquanto o apartamento estaria passando por reformas.
Nos arquivos do processo, existem capturas de tela do que seriam publicações do perfil de Michael Saylor no Facebook ao longo dos anos.
Nas postagens, o bilionário falava sobre a vista de sua “varanda de Georgetown”, enquanto publicava sobre a própria “casa” enquanto a publicação estava localizada em Washington, DC.
O processo contra Michael Saylor
O processo aberto na quarta-feira contra Michael Saylor dá continuidade a uma queixa apresentada por denunciantes contra o cofundador da MicroStrategy em abril de 2021, em sigilo.
Na denúncia que tornou-se pública ontem, os delatores alegaram que Saylor não teria pagado imposto de renda de 2014 a 2020.
Porém, a nova ação alega que o bilionário não teria deixado de pagar impostos desde 2014, como dito na queixa inicial, mas sim que Saylor não pagou o imposto de renda que devia ao distrito a partir de 2005.
Karl Racine contou no Twitter que o novo processo contra o bilionário é "a primeira ação movida pela Lei de Falsas Alegações”, o que incentivaria as pessoas a denunciarem moradores que estivessem burlando as leis fiscais ao mentir sobre as residências.
A lei permite que o tribunal determine multas de até três vezes o valor dos impostos sonegados, segundo o procurador.
Seria a MicroStrategy ‘cúmplice’?
O processo aberto pelo procurador Karl Racine acusa a MicroStrategy de supostamente possuir “informações detalhadas confirmando que Saylor era, de fato, um morador de DC”. Porém, a empresa teria optado por reter essas informações.
Por sua vez, a companhia de softwares afirmou, em comunicado, que a acusação envolveria apenas Michael Saylor. Desse modo, a empresa não teria que supervisionar tais questões.
“O caso é uma questão tributária pessoal envolvendo o Sr. Saylor. A Empresa não era responsável por seus assuntos do dia-a-dia e não supervisionava suas responsabilidades fiscais individuais”, disse a MicroStrategy, em nota.
A empresa afirma ainda que não conspirou com o cofundador no cumprimento das responsabilidades fiscais pessoais de Saylor.
“As alegações do Distrito de Columbia contra a empresa são falsas e nos defenderemos agressivamente contra esse excesso.”
Michael Saylor e a MicroStrategy
A procuradoria de DC conta no processo que, por volta de 2014, o diretor financeiro da MicroStrategy na época teria questionado Michael Saylor sobre sua suposta evasão fiscal poder se tornar uma responsabilidade para a empresa.
Racine afirma que o cofundador e a empresa teriam chegado a um acordo, que teria resultado numa redução do salário de Saylor a um valor nominal de US$ 1.
Segundo o processo, a decisão teria sido uma tentativa de diminuir os riscos de o suposto esquema tornar-se público — e chegar aos ouvidos das autoridades.
Porém, o procurador alega que o bilionário seguiu fazendo uso de “benefícios marginais” com um “alto valor em dinheiro”, como, por exemplo, utilizar o avião da empresa.
Em resposta ao processo, Saylor defendeu-se em comunicado, afirmando que a Flórida estaria no “centro de sua vida pessoal e familiar”.
“Há uma década, comprei uma casa histórica em Miami Beach e mudei minha casa da Virgínia para lá. Embora a MicroStrategy seja sediada na Virgínia, a Flórida é onde moro, voto e me apresentei como jurado, e está no centro da minha vida pessoal e familiar. Eu respeitosamente discordo da posição do Distrito de Columbia e espero uma resolução justa nos tribunais”, disse o bilionário.
*Com informações de CNBC e CoinDesk