Putin dá olé nos EUA, negocia com a China e vende petróleo pela porta dos fundos para a Europa; entenda a manobra
Ao que tudo indica, as sanções do Ocidente fizeram efeito, mas não conseguiram frear a Rússia, que conseguiu aumentar a produção de petróleo de 200 mil a 300 mil barris por dia em maio, depois de cair 1 milhão de barris por dia em abril
Se fosse uma partida de futebol, Vladimir Putin certamente seria aquele jogador difícil de marcar. O presidente da Rússia vem driblando as sanções do Ocidente — que entraram de sola na economia russa e deixaram suas marcas.
Assim como dentro das quatro linhas uma boa jogada não é feita sozinha, no campo econômico Putin tem contado com a força da China para dar olés nos EUA e aliados.
A bola da vez é uma negociação sigilosa na qual Pequim quer comprar mais petróleo de Moscou para abastecer reservas estratégicas.
Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, as conversas estão sendo conduzidas em nível governamental com pouco envolvimento direto das empresas petrolíferas. Detalhes sobre volumes e valores ainda não foram revelados.
Só no sapatinho
As refinarias chinesas estão comprando silenciosamente petróleo russo desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro — ainda que o ressurgimento de casos de covid-19 na China esteja afetando o consumo no maior importador de petróleo do mundo.
A demanda aparente de petróleo no mês passado caiu 6,7% em relação ao ano anterior, com bloqueios rigorosos confinando milhões de chineses em suas casas. O surto limitou novos ganhos nos preços do petróleo, embora o Brent — usado como referência para a política de preços da Petrobras — ainda acumule alta de mais de 40% este ano.
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A China não divulga publicamente o tamanho de seus estoques de petróleo, mas várias empresas usam ferramentas como satélites para estimar os suprimentos.
Alguns preveem que o país tem capacidade para armazenar mais de 1 bilhão de barris de estoques comerciais e estratégicos combinados. Outras estimativas indicam que os suprimentos aumentaram recentemente devido ao surto de covid-19.
A empresa de análises Kpler estima que os estoques gerais da China estejam em 926,1 milhões de barris, acima dos 869 milhões de barris em meados de março — mas ainda 6% abaixo do recorde de setembro de 2020.
Em termos de comparação, a Reserva Estratégica de Petróleo dos EUA tem capacidade de 714 milhões de barris. Atualmente detém cerca de 538 milhões de barris.
Pode vir quente, que Putin está fervendo
Seja qual for o apetite chinês por petróleo nesse momento, a Rússia se mostra preparada para atender à demanda.
A produção de petróleo russa está mostrando sinais de recuperação, apesar da rejeição quase generalizada depois que Putin ordenou a invasão da Ucrânia.
Alexander Novak, principal autoridade de energia da Rússia e vice-primeiro-ministro, disse que a produção aumentou de 200 mil a 300 mil barris por dia em maio, depois de cair 1 milhão de barris por dia em abril.
Segundo Novak, a expectativa é de que a oferta russa cresça ainda mais no mês de junho.
Enquanto isso, na porta dos fundos…
Enquanto negocia com a China pela porta da frente, pela porta dos fundos a Europa ainda segue comprando petróleo da Rússia.
A União Europeia (UE) não conseguiu chegar a um acordo sobre um embargo de petróleo a Moscou — ainda que os principais clientes europeus tenham parado de comprar da Rússia por conta própria.
Segundo Novak, o que se vê agora é a Rússia usando a porta dos fundos para chegar aos mercados europeus.
O ministro russo afirmou nesta quinta-feira (19) que os produtores de petróleo russos enviaram exportações para outros mercados, de onde são redirecionadas para a Europa.
Além dos ganhos recentes no petróleo, a Rússia continua a vender gás natural para a Europa, mesmo esta buscando alternativas de abastecimento.
Novak também disse que cerca de metade dos clientes estrangeiros da Gazprom, controlada pelo Estado, abriram contas para atender à exigência do país de pagar em rublos.
*Com informações da Bloomberg e do Markets Insider
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