Apesar do ano difícil, a indústria de fundos de investimento brasileira conseguiu fechar 2021 com recorde de captação.
No total, a captação líquida acumulada no ano (aportes menos resgates) atingiu R$ 369 bilhões, mais que o dobro de 2020 e o maior valor dos últimos dez anos, segundo dados da Anbima divulgados nesta quinta-feira (06).
O montante veio bem acima da média da série histórica, que foi de captação líquida de R$ 137,8 bilhões. Com isso, o patrimônio líquido total da indústria cresceu 12,7% no ano, passando de R$ 6,1 trilhões para R$ 6,9 trilhões.
Quase todas as classes de ativos tiveram captação líquida positiva. Até mesmo os fundos de ações, castigados pelo péssimo desempenho das ações brasileiras e pela migração massiva dos recursos dos investidores da renda variável para a renda fixa, devido à alta dos juros, conseguiram terminar o ano com uma captação positiva de R$ 800 milhões.
Os fundos de renda fixa foram as grandes estrelas do ano, com uma captação líquida de R$ 215,2 bilhões, um recorde desde 2002. Porém, o movimento foi muito puxado pela forte captação de dois fundos de renda fixa simples - no caso, duas subcategorias do fundo BB Top.
Inclusive, a maior parte da captação líquida no segmento de varejo, aquele constituído por investidores pessoas físicas, se deu por meio desses dois fundos - R$ 83,3 bilhões, dos R$ 121,2 bilhões captados neste segmento de investidores até o mês de novembro de 2021.
A segunda maior captação se deu na categoria dos FIDCs, os fundos de direitos creditórios, no valor de R$ 77,1 bilhões, mas também distorcida pela movimentação de um único fundo corporate. Em terceiro lugar, vieram os fundos multimercados, com captação líquida de R$ 59,6 bilhões.
No segundo semestre, com a piora do cenário para os ativos de risco, os fundos de ações e multimercados viram captação líquida negativa, mas os fundos de renda fixa tiveram captação forte ao longo de todo o ano de 2021.
Os melhores e os piores tipos de fundos em matéria de rentabilidade
Com a alta dos juros e o mau desempenho da bolsa, os fundos de renda fixa naturalmente foram os que se saíram melhor em 2021.
Aqueles classificados pela Anbima como Renda Fixa Duração Alta Grau de Investimento, que podem investir em títulos públicos e privados de baixo risco (com grau de investimento) e duration alta, foram os que se saíram melhor nesta classe de ativos e também entre todas as categorias, com retorno médio de 11,8% no ano.
Os fundos cambiais vieram em seguida, com alta de 7,6%, seguindo a alta do dólar. Em terceiro lugar, vieram os fundos multimercados que podem investir pelo menos uma parcela dos seus recursos no exterior, com valorização média de 5,7%.
Todas as modalidades de fundos de ações tiveram desempenho médio negativo. Dentre as principais categorias, os fundos de ações que podem investir pelo menos uma parcela dos seus recursos no exterior foram os que menos perderam, acumulando uma baixa média de apenas 2,6%.
Já os fundos de ações livre (que podem investir em quaisquer ações, sem necessidade de se ater a índices específicos) viram queda de 10,7%, e os fundos small caps (que investem em empresas de baixo valor de mercado) recuaram 9,9%.
Veja na tabela o desempenho das principais categorias de fundos de investimento em 2021:
Tipo de fundo | Rentabilidade média em 2021 |
Renda fixa duração alta grau de investimento | 11,8% |
Cambiais | 7,6% |
Multimercados investimento no exterior | 5,7% |
Renda fixa duração livre crédito livre | 3,9% |
Renda fixa duração baixa soberano | 3,8% |
Renda fixa simples | 3,7% |
Multimercados macro | 3,7% |
Multimercados livre | 2,9% |
Renda fixa duração alta soberano | 2,6% |
Ações investimento no exterior | -2,6% |
Ações small caps | -9,9% |
Ações livre | -10,7% |